Após mais de um ano, uma turista francesa conseguiu recuperar o celular roubado em Porto Alegre durante a Copa do Mundo. O aparelho, um iPhone 5S, havia sido levado quando Jade Thomassine caminhava pelo Mercado Público, na Região Central da capital gaúcha, onde a seleção da França enfrentou Honduras pela primeira rodada do Mundial, e foi devolvido pelo correio por um policial civil, um ano após a visita da estrangeira ao Brasil.
Segundo a ocorrência na polícia, um homem abordou Jade e tomou o celular de suas mãos. Nove meses depois do crime, em abril deste ano, o aparelho foi recuperado em uma operação do 9º Batalhão da Brigada Militar (BPM) na Rua Voluntários da Pátria, no Centro de Porto Alegre. O celular estava com um homem de 25 anos, que se preparava para vendê-lo junto com outros três iPhones.
Dali, o aparelho foi entregue para a Polícia Civil, que iniciou a procura pela proprietária. A tarefa recaiu para o escrivão Paulo Nunes, da 2ª Delegacia de Polícia, na Zona Sul de Porto Alegre, que recentemente criou uma unidade para devolver celulares roubados na cidade.
Como o aparelho é de fabricação estrangeira, não foi possível utilizar as mesmas técnicas para identificação do dono. Para celulares comercializados no Brasil é possível o rastreamento do proprietário original através do IMEI, uma espécie de chassi do celular. Sem essa informação, a polícia partiu para outra estratégia.
O escrivão encontrou no bloco de notas do iPhone alguns números de telefone anotados pela francesa. Um deles era de um conhecido de Jade, com o qual a polícia conseguiu o primeiro nome da mulher. Ao cruzar os dados, Nunes conseguiu a identificação.
Combinar a entrega à estrangeira não foi fácil. O escrivão tentou três vezes o contato. Na primeira, ela não respondeu a mensagem enviada por meio das redes sociais. Na tentativa seguinte, a jovem disse que não acredita se tratar da polícia.
“Ela achava que era brincadeira. Ficou desconfiada com o contato, porque achava a polícia brasileira perigosa”, explica o escrivão, que chegou a encaminhar fotografias do aparelho. Na última tentativa, ela entendeu o que estava acontecendo e passou seu endereço. O policial explica que, para resolver a diferença de idioma, contou com o apoio de uma colega da delegacia, a escrivã Maira Chagas.
Escrivão desembolsou R$ 70 para envio
E para enviar o iPhone para a França, Nunes tirou recursos do próprio bolso. Foram cerca de R$ 70 entre taxas e selos para a correspondência para a Europa. O policial explica que foi a primeira vez que desembolsou dinheiro para entregar um celular roubado, de mais de mil aparelhos que passam por mês na delegacia. Por que isso? “É mais por uma questão profissional, de ver o celular sendo entregue”, explica o escrivão.
Um mês depois, o aparelho chegou até a casa de Jade. De quebra, o policial recebeu um agradecimento da francesa em uma postagem no Facebook. Ela explica que esteve em Porto Alegre e que seu único contratempo foi o roubo do celular. Mas, uma “reviravolta do destino” fez com que a polícia encontrasse o aparelho. “Uma pequena história que encanta o meu coração”, acrescentou.