O Cine Sesi Cultural leva a sétima arte para cidades do interior do Brasil que não possuem salas de cinema ou cujas salas encontram-se desativadas. Encerrando sua 10ª edição em Alagoas, o projeto vai contemplar o município de Maragogi, neste fim de semana, com sessões gratuitas na Praça de Eventos, de 16 a 18 de outubro. O Cine Sesi Cultural é realizado pelo SESI e idealizado pela diretora de criação Lina Rosa Vieira.
Tem gente que só viu cinema pela televisão. Seja na novela, quando o moço leva a moça pra sair. Ou no filme, quando outro filme acontece. Na vida real, o cinema é ficção para a maioria das cidades do interior do Brasil. Principalmente quando se trata de cinema de rua, que ao longo das últimas três décadas, tornaram-se cada vez mais raros e se transformaram em supermercados, igrejas, lojas de departamento e até academias de ginástica. Financeiramente mais vantajosos, culturalmente devastadores.
Na contramão dessa tendência, o Cine Sesi Cultural desbrava as estradas dos estados brasileiros levando cinema de qualidade para municípios que não têm mais ou nunca tiveram salas de exibição. Em Alagoas, o projeto já esteve em cerca de 80 cidades e atingiu um público de mais de 750 mil pessoas, em nove edições. De volta ao Estado mais uma vez, o Cine Sesi percorrerá vinte cidades do interior alagoano, até outubro, com apresentações às sextas, aos sábados e aos domingos, quando serão sempre exibidos curtas e longas metragens. Tudo de graça.
“É um trabalho de resgate do cinema e de formação de plateia”, define Lina Rosa Vieira, idealizadora e diretora do projeto de democracia cultural, que em 2015 está completando 14 anos. “E em muitas dessas cidades, as pessoas estão tendo essa experiência pela primeira vez”.
Lina explica que é uma tarefa árdua porque o processo de extinção das salas de projeção de rua foi devastador. Os motivos são os mais variados: a expansão da TV aberta ao longo das décadas de 1970 e 1980, o VHS (que já morreu), o DVD (que está moribundo). Mais recentemente, a chegada de TV por assinatura e até questões de segurança pública, fazendo com que as pessoas prefiram ficar em casa. “Além disso, a própria distribuição dos filmes sempre foi difícil. As salas foram ficando inviáveis financeiramente e acabaram fechando as portas”, observa.
Ela reconhece que esse processo aconteceu também nas capitais, mas os shoppings acabaram se tornando um alternativa. “Praticamente não há mais cinemas de rua nas capitais. As pessoas passaram a optar pelas salas dos centros de compra”, reforça. Nesse sentido, o Cine Sesi também reafirma o direito à ocupação do espaço público pela população, já que as sessões acontecem em praças e pátios.
Nesta 10ª Edição, o Cine Sesi passou por São José da Tapera, Água Branca, Delmiro Gouveia, Piranhas, Feira Grande, Igreja Nova, Piaçabuçu, Feliz Deserto, Jequiá da Praia, Anadia, Messias, Branquinha, Santana do Mundaú, Ibateguara, Atalaia, Murici, Flexeiras, Pilar, Paripueira, até chegar a Maragogi.
O PROJETO
Lina Rosa explica que o Cine Sesi busca equiparar a experiência cinematográfica do público da capital e do interior. “Estamos levando para o interior equipamentos de projeção e de som equivalentes aos que as pessoas que moram nos grandes centros urbanos experimentam quando vão ao cinema”, explica. São projetores de alta resolução e sonorização compatível. “Nos empenhamos para que a experiência seja rica, que deixe um gostinho de quero mais nas pessoas e uma possibilidade de surgimento ou reabertura de um novo cinema. ”.
Outro desafio, segundo a idealizadora, é montar uma programação que cative o público. As exibições acontecem na praça principal da cidade, onde são colocadas cerca de 500 lugares e, inclusive, tapete vermelho e pipoca quentinha, feita na hora. “Não pode faltar nada”, brinca Lina Rosa.
A escolha dos longas é pautada pelas seguintes exigências: filmes com bom padrão de qualidade técnica e de conteúdo, tendo a sexta-feira como espaço para a comédia, o sábado voltado para a reflexão e o domingo para o encontro da família; filmes que fazem parte da produção de cinema nacional prioritariamente ou que valorizem profissionais brasileiros; filmes que caibam na indicação de todas as idades (levando em consideração o fato de as exibições serem ao ar livre, filmes indicados para o público acima de 14 anos não podem ser selecionados); filmes que priorizem não somente o divertimento dos espectadores, mas a formação de plateias inteligentes; por fim, filmes que estejam liberados para as projeções do Cine Sesi.
OFICINAS DE ANIMAÇÃO
Mas o Cine Sesi não trata apenas de exibir filme. O projeto também levou oficinas de cinema de animação para algumas cidades contempladas no projeto. Os curtas produzidos pelos alunos são exibidos na telona, na sua cidade e em outras. Nesta edição em Alagoas, ocorreram duas oficinas nas cidades de Pilar e Ibateguara, em junho.
HISTÓRICO
O Cine Sesi Cultural é um projeto patrocinado pelo Sesi. Já passou por mais de 680 cidades, algumas delas mais de uma vez, do interior de 12 estados do País, atingindo cinco milhões de pessoas desde 2002 até hoje. Gente que, na sua grande maioria, nunca tinha visto cinema na vida. O acesso às projeções é sempre gratuito. Neste ano de 2015, o Cine Sesi completa 14 anos de estrada e volta ao Estado de Alagoas. A partir do mês de maio o projeto percorrerá mais 20 cidades do interior alagoano. Esta é a 10ª edição do projeto no estado, que já esteve em 80 municípios com público de mais de 750mil pessoas.
SERVIÇO:
CINE SESI CULTURAL 2015
Local: Maragogi, na Praça de Eventos.
Data: 16, 17 e 18 de outubro de 2015, a partir das 18h.
FILMES:
Curtas
Sex: Cores e Botas
Sáb: Pimenta
Dom: Leonel Pé de Vento
Longas
Sex: Cine Holliúdy
Sáb: A Busca
Dom: Os Croods