O Ministério Público do Trabalho irá traçar, nos próximos meses, um diagnóstico completo sobre a saúde dos professores em Alagoas para exigir dos responsáveis as melhorias necessárias no meio ambiente de trabalho dos docentes. A proposta foi definida no último sábado, 17, durante audiência pública que discutiu os problemas e doenças que vitimam os profissionais em sala de aula.
Depois de ouvir relatos de professores que se afastaram do emprego por doenças ocupacionais, distúrbios decorrentes da voz e sérios problemas psicológicos, o procurador do Trabalho Rodrigo Alencar propôs que os docentes, o Sindicato dos Professores (Sinpro/AL) e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Educação (Sinteal) apresentem propostas com sugestões das mudanças que tragam benefícios para a categoria. As reivindicações devem ser apresentadas em dois fóruns estaduais – das redes pública e privada, também realizados pelo MPT, que discutirão essas melhorias. O Ministério Público do Trabalho ainda irá propor parcerias com as secretarias municipais e estaduais de educação e saúde para implantar, em cada instituição de ensino, um profissional qualificado para dar suporte aos docentes.
Rodrigo Alencar destacou que é preciso realizar um trabalho continuado para melhorar a condição da educação pública e privada em Alagoas. “Qual a quantidade ideal de alunos por sala de aula? O professor deve dispor de assentos ergonômicos e microfones? A jornada de trabalho de atividades extra sala é registrada? Queremos discutir essas e muitas outras questões para buscar parcerias e propor soluções para a saúde do professor. Precisamos nos debruçar no caminho da educação, que é a única forma de conseguirmos ume educação de qualidade e mudarmos o rumo do país”, disse.
Na última semana do mês de novembro, o procurador Rodrigo Alencar realizará audiências com o Sinpro/AL e Sinteal para discutir o assunto.
Audiência pública
Professores e profissionais ligados à educação pública e privada em Alagoas discutiram, na audiência pública realizada no Sebrae, os principais problemas de saúde que os docentes enfrentam em salas de aula. O objetivo do evento foi reunir ideias que possam garantir um meio ambiente de trabalho saudável para os docentes.
A audiência pública foi realizada pelo MPT e Sinpro/AL, com o apoio do Ministério do Trabalho e Emprego, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest/Maceió) e Sebrae Alagoas.
Saúde do professor
Atividades comuns do dia a dia dos professores – como carregar livros, permanecer muito tempo em pé ou fazer movimentos acima de 90 graus com os ombros -, se realizadas de forma repetitiva ou incorreta, provocam sérias disfunções, como Lesões por Esforço Repetitivo (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort) e Síndrome do Túneo do Carpo. Nos casos mais graves, os professores são vitimados com ansiedade, Síndrome de Burnout e Síndrome do Pânico.
Mas um dos principais instrumentos aliados do professor na sala de aula, a voz, também traz sérios problemas à saúde dos docentes se for utilizada de maneira inadequada. Dados da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) mostram que 68% dos empregados de instituições escolares no Brasil foram afastados de suas atividades por problemas decorrentes da voz.