Se uma pessoa tem mais de 11 pintas no braço, ela pode ter um risco maior que a média de desenvolver câncer de pele do tipo melanoma, de acordo com um estudo britânico recém-publicado por pesquisadores do King’s College London.
O estudo, publicado no British Journal of Dermatology, concluiu que as pintas do braço são uma boa amostra do total de pintas do corpo. Quem tem mais de 11 pintas no braço direito tem mais chance de ter mais de 100 pintas no corpo inteiro – e, consequentemente, possui risco maior de desenvolver um melanoma.
Os pesquisadores orientam levar em conta as pintas do braço – circulares, de coloração marrom escura -, e não as sardas, que são mais clarinhas e muitas vezes temporárias.
Mas a presença de pintas não significa que a pessoa necessariamente terá câncer, apenas que seu risco de desenvolver a doença é maior e que ela deve tomar mais precauções, como usar protetor solar com frequência.
E é bom lembrar que a maioria das pintas é inofensiva. Devemos ficar atentos quando nossas pintas ganham coloração e formas assimétricas, quando elas aumentam de tamanho ou quando elas ficam inflamadas, sangram, formam casquinha ou causam coceira, informa o Sistema Público de Saúde britânico.
Os melanomas geralmente são pontos na pele que começam a se tornar escuros e a crescer. Podem aparecer em um ponto novo da pele ou sobre uma pinta pré-existente, que começa a mudar de forma e cor. Por isso, o risco do melanoma está relacionado ao número de pintas que o paciente tem.
Os pesquisadores do King’s College London estudaram um grande grupo de gêmeas por um período de oito anos, coletando informações como tipo de pele, sardas e pintas.
Após repetirem o teste em um grupo menor de 400 homens e mulheres com melanoma, eles chegaram a essa maneira rápida e fácil para medir as chances de um paciente ter câncer de pele.
Mulheres com mais de sete pintas no braço direito tiveram uma probabilidade nove vezes maior de ter mais de 50 pintas no corpo todo.
Já aquelas com mais de 11 pintas no braço direito tinham uma probabilidade maior de ter maior de 100 pintas no corpo, significando que elas têm um risco maior de ter melanoma.
O principal responsável pelo estudo, o professor Simone Ribero, do departamento que pesquisa gêmeos e epidemiologia genética, disse que “as conclusões podem ter um grande impacto na assistência básica de saúde, permitindo que clínicos gerais estimem de maneira mais precisa o número de pintas de um jeito bastante rápido, em uma parte mais acessível do corpo”.
Para a coautora do estudo, Veronique Bataille, contar as pintas do braço pode “acender um alerta” na cabeça do médico e fazer com que ele encaminhe os pacientes a especialistas.
Claire Knight, diretora de informação da organização Cancer Research UK, disse que o estudo é útil, mas salientou que menos da metade dos melanomas se desenvolvem que pintas pré-existentes.
“É importante saber o que é normal para sua pele e informar ao médico eventuais mudanças no tamanho da pinta, ou na cor ou ainda em seu formato”, disse. “E não se deve apenas olhar para o braço – melanomas podem surgir em qualquer parte do corpo. São mais comuns no dorso dos homens e nas pernas das mulheres.”
A pesquisa usou dados de 3 mil gêmeos no Reino Unido.
Para os pesquisadores, clínicos gerais poderiam usar essa técnica para identificar pacientes com um risco maior que a média de desenvolver melanoma – tipo de câncer de pele menos comum, porém mais letal que o não-melanoma.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, houve estimados 5,8 mil novos casos de melanoma no Brasil em 2014, e 182 mil de não-melanoma.