Rompimento liberou 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos, diz mineradora

Corpo de Bombeiros/MG /Divulgação Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais

Área afetada pelo rompimento de barragem no distrito de Bento Rodrigues, zona rural de Mariana, em Minas Gerais

Um dia após o rompimento de duas barragens de contenção de resíduos de mineração no município de Mariana, em Minas Gerais, na tarde dessa quinta-feira, diretores da empresa responsável pelas barragens, a mineradora Samarco, disseram hoje (6), em entrevista à imprensa, que cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram liberados no meio ambiente, o suficiente para encher 24.800 piscinas olímpicas.

A barragem de Fundão foi a primeira a romper, por volta das 15h. A estrutura passava por uma obra e, por isso, estava operando com 55 milhões de metros cúbicos dos 60 milhões da capacidade total, mas segundo a Samarco a obra não tem relação com o ocorrido. A barragem de Santarém estava no limite da sua capacidade de 7 milhões de metros cúbicos.

O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, afirmou que os rejeitos liberados pelas barragens não são tóxicos e não devem ter nenhuma consequência além da destruição física que a onda de lama está causando desde ontem no distrito de Bento Rodrigues. Segundo a Samarco, a lama é composta basicamente por sílica e água.

O especialista em análise de risco e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama em Minas Gerais, André Naime, disse que ainda é cedo para estimar o impacto ambiental do desastre na região, pois até o momento não se tem o conhecimento preciso da composição química do rejeito. “O rejeito do minério de ferro é normalmente considerado de baixo potencial poluidor e a sílica é inerte e realmente não representa dano à saúde humana”.

De acordo com Naime, descargas descontroladas de substâncias, como ocorreu ontem, comprometem a qualidade do meio ambiente. “O vazamento acarretou soterramento de vegetação, áreas de mananciais e carreamento de sedimentos e assoreamento de corpos hídricos, além dos prejuízos às populações afetadas, impactos evidentes até mesmo pelas imagens”, afirmou.

Com relação a possíveis impactos nos lençóis freáticos da região, de onde é retirada água para abastecimento da população de Belo Horizonte, o especialista disse que sozinha a sílica não seria uma ameaça. “Mas caso exista algum contaminante solúvel ou solubilizados a água no rejeito é possível haver a contaminação dos lençóis.”

A classificação das duas barragens de rejeitos na Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), responsável pelo licenciamento das estruturas, é classe 3, o que significa que apresentam “alto potencial de dano ambiental”. A classificação é feita de acordo com a altura do maciço, volume do reservatório, interesse ambiental na área à jusante (sentido em que descem as águas de uma corrente fluvial) da barragem e ocupação humana do local, entre outros parâmetros.

De acordo com a assessoria de imprensa da Feam, os esforços no momento estão concentrados no atendimento às vítimas, mas que o próximo passo é avaliar o impacto ambiental. “As consequências para o meio ambiente serão identificadas assim que a Defesa Civil liberar o local para averiguações”.

A fundação informou também que estão sendo feitas coletas de amostras de água e sedimentos nos corpos de água próximos ao local do acidente, incluindo os rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce. “Esses pontos de coleta contemplarão, também, os locais de captação de água para abastecimento público das cidades localizadas ao longo dos rios citados.”  De acordo com a Feam, os custos  com a recuperação ambiental das áreas atingidas serão de responsabilidade da Samarco.

Fonte: Agência Brasil

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