Anadia é minha quimera!

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Ah! Minha Anadia, das ruas estreitas e acinzentadas pelo clarão da lua, passagem de homens e mulheres, cada um com suas paixões, ilusões, dores e sofreguidão. Palco sacrossanto de incontáveis histórias de amor.

Mesmo quando nas escuras noites, nas trevas e com o fel das decepções, no aperto do peito que sofre, dói e sangra, nem assim se obstrui a clarividente luz do romper da aurora, o amanhecer das esperanças.

E sempre que posso me vejo nas noites de Anadia!

Ontem, literalmente me enveredei nela e na sua madrugada adentro. Não fiz nada de novo ou mirabolante, apenas encaminhei o que vi fazer os meus avós – Zeferino Fidélis e Luiz Tenório e complementado pelos meus pais Delson e Ana Márcia.

A nostalgia nos tomou por completo. Ali estávamos nós na companhia de algumas pessoas da nossa família, um pequeno grupo de amigos, na porta da casa do seu Zife Fidélis, como numa reedição de uma página dourada das histórias das nossas vidas, revivendo áureos tempos de outrora.

Com um fôlego novo! E explico o porquê: com muito orgulho e prazer recebemos a visita do primo paraibano do sertão do cariri, o professor e escritor Efigênio Moura. Ele trazendo em seu sangue e nome a mesma grafia do seu avô também poeta e, com tantas passagens, estadas na nossa terra.

Trazendo em seu matulão quatro livros escritos, o saber, muitas histórias e um dos seus livros recém lançado – O Caderneta do Fiado. De repente, ali na praça Dr. Campelo de Almeida era como se no teatro Olímpia Aragão estivéssemos ouvindo o autor debulhando suas ricas histórias e fincando em nossos corações o conhecimento, advindos dos seus causos e contos e da oralidade do povo e do rico cariri, sua terra natal.

O empunhar da sua bandeira de conhecimento, o tremular da flâmula da nossa família – Fidélis de Moura nos deixou cheios de brios e esperanças. Mesmo diante da tão propagada e famigerada “crise”. É sim, possível desafiar e vencer o tempo, o marasmo, a letargia pondo em prática a simples receitas dos nossos ancestrais… Celebrar a vida!

Prazerosamente destravamos a conversa, soltamos o riso, bebemos o néctar da comunhão, da paz!

A noite avançou na madrugada e, nós continuamos ali, degustando os quitutes da dona Márcia, a cerveja bem gelada, o uísque, o vinho e uma seleção musical que nos remetia a Zueira Dancing Bar em suas mais agitadas noites.

O ar com aroma das flores do campo trazido pelo vento agradável vindos do mar, purificado pela vegetação da Serra da Morena.

 Sempre acreditei nas coisas que meu coração professa… Nunca abro mão do sonho, trago sempre comigo uma dose extra de esperança, nunca perdi a fé. E sempre que posso declaro abertamente a minha paixão por Anadia.

Repaginado com uma nova maneira forma de vê, de escrever, com a alma banhada de alegria, motivado pela consistência da defesa e a anunciação dos escritos do primo Efigênio Moura do seu Cariri amado.

O que certamente me motivou a dizer que apesar das descrenças – a dura e perversa violência – com seus índices elevados. É possível sim, ocupamos as portas das nossas casas e praças e logradouros públicos, celebrando a vida, mesmo que correndo riscos de sermos chamados de loucos.

A Caderneta do Fiado, agora nos permite anotar sem medo errar, de dizer que Anadia é a minha quimera.

(*) É filho de Anadia

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