Transmitido pelo mosquito aedes aegypti, o zika vírus pode ser o responsável pelo recente aumento do número de casos de microcefalia e da Síndrome de Guillain-Barré (SGB). Com essa suspeita, o Ministério da Saúde (MS) determinou a notificação imediata da microcefalia (atualmente são 108 casos em Alagoas). Em relação à SGB, não existem dados epidemiológicos específicos para o Brasil e nem para Alagoas, porque não é uma ocorrência de notificação compulsória.
Essa síndrome neurológica não é nova. Mas a suspeita da sua associação com o zika vírus, sim. Devido ao aumento do número de casos da SGB, o Centro de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Cievs/Sesau) realizou uma pesquisa junto a unidades hospitalares de Maceió e captou a ocorrência de 25 casos.
Todos os casos identificados tiveram atendimento inicial no Hospital Escola Hélvio Auto (HEHA) ou no Hospital Geral do Estado Dr. Osvaldo Brandão Vilela (HGE). Os dois serviços dispõem de Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), o que facilitou o conhecimento das ocorrências em nove pacientes (36%) do sexo masculino e 16 (64%) do sexo feminino.
Conforme nota técnica da Cievs/Sesau, esses 25 casos são de pacientes de Maceió, Arapiraca, Atalia, Palmeira dos Índios, São Miguel dos Campos, Penedo, Coruripe, Rio Largo, Santa Luzia do Norte, Major Izidoro, Messias e Olho d’Água das Flores.
Para esses pacientes, houve referência de infecção pregressa, com relato de sintomas de exantema, febre, prurido. No entanto, não se pode afirmar que esses casos estão diretamente ligados ao vírus zika, uma vez que não houve realização de exame específico no momento da infecção.
Doença grave – Os especialistas da área começam a identificar um aumento significativo de casos da síndrome. Um deles é o médico hematologista Wellington Galvão, que informa que já existem cerca de 40 registros no estado desta síndrome. Números esses, conforme esclarece o hematologista, de pacientes que buscam tratamento na Santa Casa de Maceió, que possui convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).
“Essa é uma doença grave, mas ainda não existe confirmação da sua relação com o zika vírus”, pontuou Wellington Galvão. O médico adiantou que o tratamento (Plasmaférese terapêutica) para essa doença que ataca o sistema nervoso central é bastante eficaz e vem apresentando resposta positiva. “A orientação é que, ao surgirem os sintomas, os pacientes busquem o HGE para o atendimento com os neurologistas”, pontuou ele.
Sintomas e tratamento – A síndrome de Guillain-Barré é uma doença neurológica, de origem autoimune que acomete primordialmente a mielina da porção proximal dos nervos periféricos de forma aguda/subaguda. Provoca fraqueza muscular generalizada e, em casos mais graves, pode até paralisar a musculatura respiratória, impedindo o paciente de respirar, levando-o à morte. A SGB é a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidência anual de 1 a 4 por 100 mil habitantes e pico entre 20 e 40 anos de idade.
O diagnóstico da SGB é feito, primariamente, de forma clínica, a partir da observação e análise dos sintomas, com a complementação de exames laboratoriais que comprovem a impressão médica e exclua outras causas possíveis para a fraqueza ou paralisia muscular. Ainda não há cura específica para a doença. O tratamento é focado no combate aos sintomas e minimização dos danos motores, com injeção de imunoglobinas e plasmaférese.