Juiz determina que Ipaseal suspenda modificação dos contratos de Plano Saúde

Alagoas24horasSede da Defensoria Pública de Alagoas, na Av. Fernandes Lima

Sede da Defensoria Pública de Alagoas, na Av. Fernandes Lima

A determinação foi dada em decisão Liminar nos autos da ação coletiva proposta pela Defensoria Pública, que buscava impedir que o Ipaseal fizesse as mudanças pretendidas nos contratos de plano de saúde

O Juiz de direito plantonista, Jerônimo Roberto Fernandes dos Santos, determinou, na última sexta-feira (1), que o Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Alagoas (Ipaseal) se abstenha de efetivar modificações dos termos contratuais de assistência à saúde que mantém com seus beneficiários, como também a rescisão daqueles que não aderiram às modificações pretendidas. O magistrado ainda estipulou uma multa diária no valor de R$ 100 mil se houver descumprimento, a contar da data da intimação.
Na decisão, que foi dada durante o recesso judiciário, o juiz informou que tal conduta adotada pelo Ipaseal malfere o dever de informação, pois as modificações contratuais que se pretende implementar não foram levadas ao conhecimento dos beneficiários de forma prévia e ostensiva, e assim, afetando também o dever de confiança em relação ao produto contratado.

“Sendo de se impor a manutenção dos serviços pelo Ipaseal, até que se forme um melhor juízo sobre o mérito da demanda e no sentido de evitar perigo de dano irreparável e de difícil reparação que decorrerá da suspensão em massa dos contratos eventualmente não atualizados, bem como do reajuste monetário decorrente da referida atualização para milhares de beneficiários, motivo porque, evidenciado o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação”, disse o magistrado.

“Trata-se de uma decisão social importante, bem fundamentada, que demonstra o exponencial preparo jurídico e a sensibilidade social da magistratura alagoana”, pontuou a Defensora Pública Norma Negrão, após decisão proferida.

Histórico

Conforme a defensora titular do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública de Alagoas, Norma Negrão, o referido Núcleo recebeu reclamações sobre supostas condutas abusivas praticadas pelo Ipaseal, especificamente com relação ao plano de assistência médica e hospitalar “Ipaseal Saúde”. Entre as reclamações, está a imposição de modificações contratuais, mediante assinatura de um termo aditivo.

“Mediante análise da notícia publicada no sítio eletrônico do referido órgão, em cotejo com as reclamações, percebe-se a existência de abuso mesmo em momento anterior à pretendida assinatura do termo aditivo. Antes de qualquer discussão sobre a licitude da modificação contratual nos termos pretendidos, importante evidenciar a falta de transparência por parte da instituição, que se limitou a divulgar as referidas informações apenas em seu site, sem divulgar qual o conteúdo da modificação pretendida, ferindo seu dever de informação”, explicou a defensora pública.

Ainda conforme a defensora, quanto à tentativa de modificação contratual, nos moldes pretendidos, evidencia-se claramente a prática de abuso na conduta da instituição, tendo em vista que ela está impondo aos seus beneficiários a assinatura de um termo aditivo que modificará substancialmente o contrato outrora firmado entre as partes, subtraindo dos beneficiários qualquer opção, impondo, sob forma de coação, a adesão pretendida. Com esta conduta, o Ipaseal impede, desta forma, qualquer manifestação livre da vontade, uma vez que se seus beneficiários não aderirem a tal modificação, terão automaticamente seus contratos cancelados.

“Tal expediente, a priori, não trará qualquer benefício direto para os aderentes, que serão muito mais lesados do que beneficiados, visto que deverão, conforme noticiado, pagar 15% (quinze por cento) de todas as consultas, exames e demais procedimentos médicos realizados. Sem contar com o aumento nas mensalidades já previstas para o próximo mês”, informou a Defensoria na ACP.

Por estarem, estes beneficiários, explicou a defensora, na iminência de sofrerem a interrupção de seus contratos com o Ipaseal e visto serem pessoas, em sua grande maioria, hipervulneráveis, a Defensoria Pública de Alagoas não teve alternativa senão recorrer com urgência à Tutela Jurisdicional do Estado.

“Tal conduta viola os princípios da transparência e o dever de informação, ambos deveres anexos da boa fé objetiva que deveria imperar nestas contratações. Mesmo se partirmos do pressuposto da licitude das modificações contratuais pretendidas, o que se admite apenas a título argumentativo, a instituição não poderia deixar de comunicar aos beneficiários dos seus planos de saúde sobre possíveis modificações no conteúdo dos negócios até então vigentes. Ignorando esse dever de informação, a instituição limitou-se, apenas, a notícia publicada em seu sítio eletrônico que ‘o não comparecimento acarretará o bloqueio do atendimento e posterior exclusão no plano Ipaseal Saúde’, acrescentando ainda que ‘é fundamental a adesão dos usuários para continuidade da prestação dos serviços de saúde’. Esta conduta está sendo questionada pela Defensoria Pública”, pontuou a defensora.

Fonte: Ascom Defensoria

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