Uma força-tarefa para restabelecer os índices de criminalidade “de costume” atuará em Londrina, no norte do Paraná, durante dez dias. A medida é uma resposta do governo estadual à onda de assassinatos que ocorreu na cidade entre a sexta-feira (29) e a madrugada de sábado (30), após a morte de um policial militar.
De acordo com o secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp), Wagner Mesquita, que fez o anúncio da força-tarefa neste domingo (31), em 2015, Londrina registrou 55 homicídios. O relatório da Sesp mostra que foram 37 vítimas de homicídio doloso, entre janeiro e setembro do último ano.
Ao anunciar esta força-tarefa, Mesquita disse que a cidade terá 80 policiais militares e dois delegados a mais para investigar as mortes. Na prática, as autoridades policiais vão adotar estratégias para cumprir mandados de prisão em aberto, apreender armas de fogo e realizar abordagens.
“É um esforço ostensivo e preventivo para mantermos o controle e restituir os padrões de criminalidade que estavam vigentes antes desses fatos criminosos”, diz o secretário.
As 150 tornozeleiras eletrônicas, utilizadas por presos em regime semiaberto na região, serão monitoradas 24 horas por dias por equipes de plantão em Curitiba e Londrina. Além disso, 80 câmeras de vigilância do município vão transmitir as imagens registradas para o Centro Integrado de Comando e Controle em Curitiba. Com isso, a Sesp quer agilizar a identificação de autores que possam cometer atos ilícitos.
Na segunda-feira (1º), de acordo com Mesquita, será emitida uma normativa com diretrizes e mudanças de competências e atribuições. Após o período de 10 dias, a Secretaria de Segurança Pública irá avaliar os resultados para verificar se a ação será estendida ou não.
A Polícia Civil ainda contará com o apoio da Inteligência e da Corregedoria da Polícia Militar, já que a investigação não descarta a participação de policiais militares nestes últimos homicídios.
O secretário voltou a afirmar que as mortes de policiais que ocorreram no estado recentemente não têm ligação com o crime organizado. “Não há indicativo nenhum de ordem de comando de fação criminosa contra a Polícia Militar até o momento”, disse Wagner Mesquita. Veja os demais casos no fim da reportagem.
Madrugada violenta
Os assassinatos, em Londrina, no norte do Paraná, começaram após a confirmação de que o policial militar Cristiano Luiz Botino, de 34 anos, foi morto na zona norte. Nove homens morreram após serem atingidos por disparos de arma de fogo, três deles estavam na mesma casa. Outras duas pessoas morreram no hospital, de acordo com a Polícia Militar.
Os hospitais e unidades de saúde da cidade registraram ainda a entrada de pelo menos 14 pessoas baleadas.
Neste domingo, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária afirmou que algumas vítimas têm passagem pela polícia, porém, não especificou quantas.
O policial foi enterrado na tarde de sábado (30) no cemitério municipal São Pedro. Um grande cortejo policial saiu do 5° Batalhão da PM e seguiu até o cemitério.
O helicóptero do Grupamento Aeropolicial e Resgate (Graer) ajudou na segurança das pessoas que estiveram presentes no sepultamento.
Outros casos
O estado registra uma série de ataques. Também em Londrina, na segunda-feira (25), um soldado foi internado após ser baleado em frente a uma farmácia.
No mesmo dia, um policial militar ficou ferido após ser atingido por disparos de arma de fogoem Pato Bragado, na região oeste. Conforme a PM, o agente recebeu quatro tiros ao se aproximar de um veículo suspeito.
No dia 23 de janeiro, conforme a Polícia Militar, o soldado Bittencourt foi morto em Colombo. Dois policiais militares, que atenderam a ocorrência, estão presos por terem mentido durante as investigações.
No dia 19 de janeiro, dois policiais militares foram mortos em Curitiba e em Colombo, na Região Metropolitana da capital. Os crimes aconteceram com apenas cinco minutos de diferença. Nenhum dos policiais estava em serviço.
Trechos de áudios divulgados pela Associação de Praças de Estado do Paraná (Apra) indicam que policiais militares afirmam que a Central de Operações Policiais Militares (Copom) emitiu um alerta sobre uma ação de criminosos, que teria como alvo policiais.
“Nós sabemos sim que existe alguma coisa muito errada acontecendo e queremos que as autoridades tomem sim providências porque o policial militar também tem que ser protegido pelo estado, porque para ele dar segurança ele tem que ter segurança”, afirmou à época o presidente da Apra, Fontana Neto.
A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná informou que os homicídios estão sendo apurados por unidades especializadas. Informou também que não há indicativo de atuação do crime organizado nas ocorrências.