A Arquidiocese de Maceió apresentou, na tarde desta terça-feira, 23, ao promotor de justiça, Flávio Costa, e a Prefeitura de Maceió um projeto de reforma do cemitério Divina Pastora, cujo terreno pertence a Igreja Católica.
A ideia teria surgido após a constatação de superlotação e denúncias encaminhadas ao Ministério Público Estadual dando conta da existência de corpos enterrados em covas rasas, em janeiro deste ano. Na ocasião o MP encontrou no local restos mortais expostos pelo terreno e alguns corpos carbonizados. A situação levou a Superintendência Municipal de Controle e Convívio Urbano determinar a interdição do cemitério.
Em entrevista ao Alagoas24Horas, o arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, confirmou que o terreno onde funciona o cemitério pertence a Diocese e que o projeto apresentado hoje visa transformar o espaço em um centro cultural chamado Parque da Esperança.
“Na segunda etapa de trabalhos no ano da Misericórdia, a Igreja Católica é conclamada a “sepultar os mortos”. Pegamos o gancho do problema detectado no cemitério Divina Pastora e lançamos o pedido a comunidade. Pedimos ‘esmolas’ nas igrejas e guardamos o dinheiro para transformar o espaço no Parque da Esperança. Queremos criar um mausoléu no local para sepultar os indigentes e começar o processo de limpeza e remoção dos corpos. No futuro, pretendemos fazer um ambiente de cremação e depositar as cinzas no local”, informou o arcebispo.
Dom Antônio Muniz disse ainda que no terreno do cemitério serão construídos cerca de 200 ossuários, que pretende levar mais celebrações à capela e ainda transformar o local – que há anos funciona como cemitério de indigentes – em um espaço cultural com a instalação de uma biblioteca.
“Já estava preocupado com a situação há muito tempo e já tinha dado sugestões para a reforma. Queremos um espaço urbanizado e pretendemos criar uma biblioteca no local como uma forma alternativa de literatura para aqueles que vão conviver com cemitério. Lá, terá literatura escrita de tudo àquilo que diga respeito à espiritualidade, seja católica, espírita ou candomblé. Ainda não sabemos quanto irá custar, mas a obra será financiada pela Igreja”, explicou.
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Reunião técnica
Após conhecerem o projeto apresentado pelo arcebispo de Maceió, Dom Antônio Muniz, a secretária executiva do gabinete do prefeito, Adriana Toledo, propôs uma reunião técnica, para que o projeto possa ser apresentados aos técnicos com município e discutir os custos e possibilidades de execução.
“Sinto que ainda temos muitas dúvidas e acho importante marcarmos uma reunião com os técnicos, para que eles possam conhecer o projeto e levantar os custos que o município terá para levarmos ao prefeito e ao superintendente Reinaldo Braga também. Mesmo que a igreja arque com o projeto, o município terá despesas também. Além disso temos que ver a questão e patrimônio, jurídica, entre outras coisas. Mas gostaria de parabenizar a iniciativa da Igreja Católica”, disse Adriana Toledo.