A Polícia Militar prendeu na noite de quinta-feira (25) uma jovem suspeita de matar a estudante Nathália Araújo Zucatelli, de 18 anos, morta com um tiro após sair do cursinho pré-vestibular, em Goiânia, segundo informou ao a assessoria da Secretária de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSP-GO). A corporação faz buscas pelo comparsa dela, que estava na mesma motocicleta.
Segundo informações de integrantes do Batalhão de Choque, a mulher confessou o crime, mas não informou a motivação. Ela estava presa até setembro de 2015, quando foi libertada.
De acordo com a PM, antes de matar a estudante, a mulher detida e o comparsa cometeram pelo menos três assaltos. Uma das pessoas roubadas anotou a placa da motocicleta em que a dupla estava e passou a informação para a polícia, que a partir deste dado encontrou a suspeita no Setor Pedro Ludovico.
O crime aconteceu na noite de segunda-feira (22). Nathália morava em Ji-Paraná, mas havia se mudado para Goiânia há três semanas para estudar. Ela foi morta com um tiro, por volta das 21h30, a cerca de uma quadra do Colégio Protágoras, onde estudava. Ela tinha saído do cursinho e seguia para a casa. Segundo a Polícia Civil, a jovem foi abordada por duas pessoas que estavam em uma motocicleta.
O corpo da estudante foi levado em um avião de Goiânia para Porto Velho, de onde seguiu em carro funerário até Ji-Paraná, a 375 km da capital de Rondônia, para ser velado. Em seguida, ele foi encaminhado a Alvorada do Oeste, onde foi sepultado na quarta-feira (24).
Investigação
Os investidores acreditam que nada tenha sido roubado da estudante. Apesar de não terem levado nenhum objeto da vítima, tudo indica que ela foi baleada durante um assalto, disse o titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), o delegado Kleber Toledo.
Inicialmente, agentes haviam informado que um celular tinha sido roubado, já que a jovem possuía dois aparelhos e só um foi encontrado no local do crime. No entanto, o telefone foi achado na quitinete em que ela morava, nas proximidades do Colégio Protágoras, no Setor Marista, onde estudava.
“A mochila dela estava no local com a carteira, cartão de crédito e tudo. O celular foi encontrado na casa dela. Então, por enquanto, não identificamos nada roubado. Mesmo assim, se configura como latrocínio. Há uma série de fatores que apontam para isso. Ela estava há pouco tempo em Goiânia para ter alguma inimizade”, disse Toledo, na quarta-feira.
Assessor de imprensa da Polícia Civil, o delegado Gylson Mariano disse que agentes já recolheram imagens de câmeras de segurança da região, que estão sendo analisadas. No entanto, ainda não foi possível identificar os criminosos, nem se eram dois homens ou um casal, como alegou uma testemunha.
A corporação informou que Nathália foi baleada na altura do ombro esquerdo. O médico legista responsável pelo exame cadavérico explicou que a bala atravessou os dois pulmões e alojou na axila direita. Ainda segundo o exame, ela morreu por hemorragia.
Comoção
O pai da estudante, o contador Oswaldo Zucatelli, esteve em Goiânia na terça-feira (23) para liberar o corpo da filha do Instituto Médico Legal (IML). Ele disse que a família está em choque e chorou ao falar da morte da jovem, que era a caçula de quatro irmãos.
“Ainda não sabemos nada sobre o crime. Essa situação é muito triste. A gente não consegue nem falar. Não vai ser fácil seguir adiante sem ela, nos falávamos todos os dias por telefone”, lamentou Zucatelli.
Duas colegas da estudante foram até o local do crime e acenderam velas na tarde de terça-feira (23). Aos prantos e em silêncio, elas prestaram uma homenagem à jovem. Nas redes sociais, amigos e familiares postaram inúmeras homenagens para a garota e lamentaram o crime.
Amiga de Nathália, Vitória Costa do Nascimento, de 19 anos, conta que a estudante estava muito contente e que se sentia segura na capital. “As meninas que moravam no mesmo condomínio que ela e estudavam no cursinho disseram que o caminho para casa era muito seguro, que elas sempre iam embora à noite, andando, que era tranquilo. Ela não se preocupava com isso [risco de ser assaltada]”, disse Vitória.
Vitória também é de Rondônia, mas se mudou há um ano para a casa da tia, em Goiânia. Ela morava em Porto Velho e conheceu Nathália há três anos porque jogavam no mesmo time de futsal.
“Era uma menina supertranquila, super do bem, muito organizada, centrada, não gostava de sair porque queria estudar. Até para vir aqui em casa no final de semana era difícil convencer, tinha que buscar e levar”, relata.
O pai acredita que os criminosos ficarão impunes. “Com essa lei sem vergonha, não tem como esperar nada. A Nathália está presa para sempre. Agora, o cara que fez isso com ela, se for preso, poucos dias depois já estará solto de novo”, lamentou.
A direção do Protágoras está em contato com familiares de Nathália. “O colégio está dando apoio à família e às investigações da Polícia Civil. Esperamos que o caso seja elucidado o mais breve possível”, declarou o diretor.