A Prefeitura de São Paulo confirmou nesta sexta-feira (26) a primeira morte por dengue na cidade em 2016. A vítima foi um homem de 62 anos, que morava na região do Tremembé, na Zona Norte, com histórico de tabagismo e problemas cardíacos. Ele morreu no dia 19 de janeiro deste ano.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima foi atendida no Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, no Jaçanã, centro médico gerenciado pela Santa Casa de São Paulo, no dia 16 de janeiro.
A sorologia foi confirmada por testes laboratoriais feitas pela Secretaria e pelo Instituto Adolfo Lutz. A pasta ainda afirma que a Coordenação de Vigilância em Saúde já realizou bloqueio de criadouros no local desde a data da suspeita do caso.
Números
A cidade de São Paulo registrou 827 casos confirmados de dengue até 31 de janeiro, contra 710 contabilizados no mesmo período em 2015. O aumento foi de 16,5%. Os dados foram divulgados pelo secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, na última terça-feira (23).
“Todos os fatores de risco levam a termos mais casos do que em 2015”, disse Padilha. O secretário citou a falta d’água na periferia, a forte resistência do mosquito, calor e existência de criadouros como principais agravantes.
O distrito de Lajeado, na Zona Leste, apresenta o maior número de casos, onde 68 pessoas contraíram a doença nesse período. Em segundo lugar está a Penha, seguida de Jardim São Luiz, Parque do Carmo, Itaquera, Sacomã, Cidade Ademar, Itaim Paulista, Campo Limpo e Cangaíba.
Para Padilha, o maior número de casos na Zona Leste se deu porque é uma população “mais exposta” à doença, já que as Zonas Oeste e Leste tiveram mais casos em 2014 e 2015, respectivamente. Além disso, ele falou mais uma vez da crise no sistema Alto Tietê, que pode ter impactado a Zona Leste.
A administração municipal estima que, nesse ritmo, a cidade pode enfrentar novamente uma situação crítica em 2016, com até 150 mil casos de dengue.
No ano passado, o Estado de São Paulo registrou 649.562 casos. Na capital, em 2015, foram contabilizados 100.440 casos confirmados de moradores residentes no município (99,5% ocorreram no primeiro semestre), com 25 óbitos ao longo do ano. Este ano, o Estado registrou 3 óbitos por dengue.
A Prefeitura afirma que reforçou o trabalho de prevenção, com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas.
Zika
Já sobre o vírus da zika não há registro de casos contraídos na cidade. São 47 casos notificados, sendo 37 em investigação. Três foram descartados, três foram confirmados de pessoas que moram em outros municípios, e outros quatro foram (importados) de outras regiões.
Até esta segunda-feira (22), 382 mil residências foram visitadas. Mais de 35% das casas tinham focos de criadouro, segundo a Prefeitura.
Sobre microcefalia, o secretário afirmou que 12 casos com outras razões já foram confirmadas; 14 casos descartados; e seis gestantes com possível relação com o vírus da zika. Destes seis casos de gestantes com possível associação ao vírus da zika, três não contraíram na cidade e outras três se deslocaram pelo estado durante o período vulnerável, de acordo com Padilha.
Já em relação à febre chikungunuya, a cidade de São Paulo tem 236 casos notificados, 212 em investigação, 7 confirmados (importados), 2 casos contraídos na cidade, em Sacomã, ambos de pessoas idosas.
Combate
Neste ano, a gestão municipal adotou a aplicação de um produto chamado BTi via fumacê para eliminar as larvas nos locais potencialmente infectados. Usará um drone para mapear possíveis focos, iniciou a aplicação de 50 mil kits de teste rápido na rede de saúde municipal, e lançou o aplicativo “Sem dengue”, mapa colaborativo de focos da dengue.
Como em 2015, para ajudar no atendimento a pessoas com sintomas de dengue, serão instaladas tendas nos locais com mais casos. Este ano serão 14 tendas, contra 10 no ano passado. As duas primeiras abrirão nesta quarta-feira, dia 24, em Lajeado e na Cangaíba.
Multas para reincidentes
A multa para o imóvel que repetir o erro de permitir criadouro do Aedes aegypti pode chegar a R$ 2 mil em São Paulo. O projeto de lei que propõe multa para imóveis reincidentes em criadouros do mosquito foi protocolado no final de tarde da última sexta-feira (19) pelo vereador Paulo Fiorilo (PT).
Na primeira vez, o infrator receberá uma advertência. Na segunda, ou seja, com reincidência, a multa será de R$ 250 para pessoa física e R$ 1 mil para pessoa jurídica. No caso de uma nova reincidência os valores sobem para R$ 500 para pessoa física e R$ 2 mil para pessoa jurídica.
A multa para reincidência já é aplicada em outras cidades do país, com valores maiores. Em Curitiba, a multa pode chegar aos R$ 3 mil. No Distrito Federal, até R$ 1,5 milhão.