O dólar fechou em forte alta ante o real nesta terça-feira (15), saltando mais de 10 centavos para voltar à casa de R$ 3,76, em meio com notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvapode se tornar ministro, o que operadores entendem que poderia postergar ou reduzir as chances de eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A moeda norte-americana avançou 3,03%, cotada a R$ 3,763 – a maior alta desde 13 de outubro de 2015 (3,58%). Na véspera, a divisa já tinha saltado 1,71%. Veja a cotação do dólar hoje.
Na máxima do dia, a moeda chegou a superar R$ 3,77.
Pela manhã, o dólar chegou a reduzir a alta, após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que incluiria acusações contra Lula e Dilma. Mas o movimento durou pouco e logo o dólar voltou a ganhar força, em meio os rumores de que Lula teria aceitado o convite para fazer parte do governo Dilma e à notícia de que Aloizio Mercadante teria oferecido ajuda em troca de silêncio. O ministro da Educação nega ter tentado impedir a delação.
Na máxima do dia, o dólar chegou a atingir R$ 3,7811, segundo a Reuters. A moeda dos EUA acumula alta de 4,79% só nesta semana, diante do novo cenário político, sendo que havia despencado 10,30% neste mês até o fim da semana passada.
Acompanhe a cotação ao longo do dia:
Às 9h09, alta de 1,85%, a R$ 3,7203.
Às 9h50, alta de 1,91%, a R$ 3,7222.
Às 10h10, alta de 1,6%, a R$ 3,7109.
Às 10h40, alta de 1,37%, a R$ 3,7025.
Às 11h10, alta de 1,57%, a R$ 3,7099.
Às 11h19, alta de 0,86%, a R$ 3,684.
Às 11h50, alta de 1,79%, a R$ 3,7179
Às 12h30, alta de 2,1%, a R$ 3,7289.
Às 13h10, alta de 2,1%, a R$ 3,729.
Às 13h29, alta de 2,17%, a R$ 3,732.
Às 13h39, alta de 2,53%, a R$ 3,7448.
Às 13h59, alta de 2,92%, a R$ 3,7592.
Às 14h39, alta de 2,89%, a R$ 3,7581.
Às 14h59, alta de 2,7%, a R$ 3,7511.
Às 15h39, alta de 3,27%, a R$ 3,7721.
Às 16h19, alta de 2,93%, a R$ 3,7595.
Cenário político
“Se o governo der uma guinada populista agora, o país vai piorar cada vez mais rápido”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, à agência Reuters, acrescentando que a possível volta de Lula para o governo “reduz a chance de impeachment e prolonga a discussão. É a última cartada”.
Lula deve se reunir ainda nesta terça-feira com a presidente Dilma para acertar as condições para integrar o governo. O ex-presidente estaria negociando, segundo noticiou a imprensa, mudanças na política econômica.
O ex-presidente ficaria encarregado das relações políticas, em um momento em que o PMDB, principal partido da base aliada, dá sinais de que pretende se afastar do governo, com alguns membros do partido apoiando o processo pelo impeachment de Dilma.
“Boa parte do mercado deve estar revendo para baixo as projeções sobre a chance de impeachment”, disse o operador de uma corretora nacional.
A perspectiva de mudança no governo agrada muitos investidores, que acreditam que o movimento pode ajudar a pavimentar o caminho para a recuperação da economia brasileira. Alguns ressaltam, porém, que o quadro de incetezas serve de entrave para o reequilíbrio econômico.
O desagrado no mercado com a perspectiva de Lula voltar ao Planalto perdurou mesmo após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS). No documento, o ex-líder do governo no Senado acusa o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, de oferecer dinheiro e ajuda a Delcídio para que não fizesse a delação.
“A delação do Delcídio ficou um pouco de escanteio. O foco hoje foi Lula”, disse o operador da corretora Renascença Thiago Castellan Castro.
Cenário externo
Nesta sessão, a alta do dólar frente ao real vinha também em linha com os mercados externos, onde predominava a aversão a ativos de maior risco. A queda dos preços do petróleo –reflexo de preocupações com as perspectivas para a oferta– e a decepção com a falta de novos estímulos pelo banco central do Japão mantinham o ambiente de apreensão.
O Federal Reserve, banco central norte-americano, anuncia sua decisão sobre os juros na quarta-feira. Espera-se que o Fed mantenha os juros, mas o comunicado será monitorado de perto em busca de pistas sobre sua estratégia para quando voltará a elevar as taxas.
Eventual aumento de juros nos EUA pode levar à saída de dólares de países considerados menos seguros, como o Brasil.
Atuação do BC
Nesta manhã, o Banco Central realizou mais um leilão de rolagem dos swaps com venda integral dos 9,6 mil contratos que vencem em abril. Até o momento, o BC já rolou US$ 5,067 bilhões, ou cerca de metade do lote total para abril, que equivale a US$ 10,092 bilhões.