Em março, as famílias de Maceió continuaram retraídas no consumo e, por consequência, o nível de endividamento apresentou retração, conforme demonstra a pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento de Alagoas (IFEPD/AL), em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A pesquisa sinaliza que 63,8% das famílias da capital estão endividadas; uma redução de 1,7% em relação a fevereiro e um aumento de 0,9% quando comparado ao mesmo mês do ano passado. O patamar registrado em março é praticamente o mesmo de agosto de 2015, quando a parcela de endividados da capital girava em torno de 63,9%.
Do total de endividados atualmente (63,8%), apenas 9,4% não estão com dívidas em atraso e nem inadimplentes. Entre as famílias que estão com dívidas em atraso, houve uma redução de 2,8% em relação a fevereiro, mas um aumento de 12,9% quando comparado aos valores de março do ano passado.
Já o percentual de famílias que se encontram inadimplentes teve redução de 0,2% em relação ao mês de fevereiro, mas se comparada ao mesmo período de 2015, aumentou em 10,40%. O assessor econômico da Fecomércio, Felippe Rocha, explica que o nível de endividamento e inadimplência de uma população é diretamente proporcional às possibilidades de consumo do presente e do futuro. “Caso haja um endividamento maior do que 35% da renda mensal, o consumidor acaba por ter afetar seu poder aquisitivo no presente, pois necessitará primeiro pagar o consumo feito no passado”, esclarece. Em outras palavras, quanto mais comprometida a renda com o pagamento de dívidas anteriores, menor a possibilidade de consumo atual.
De acordo com o economista, o desemprego é uma das consequências mais negativas do atual contexto econômico, pois retira a renda das famílias e aumenta a parcela de inadimplentes. “Isso ocasiona uma espiral negativa, pois gera calotes em massa, afetando o crescimento da economia, pois os bancos restringem o crédito e aumentam o risco de emprestar dinheiro na forma de juros”, analisa. Como reflexo, a incerteza cria um efeito de cautela sobre o endividamento familiar.
Mais Percentuais
Ainda sobre a pesquisa de endividamento, dentre os 63,8% das famílias endividadas, 23,2% se consideram muito endividadas; 20,5% estão pouco endividadas; 20,1% mais ou menos endividadas. Considerando o universo de 100% dos entrevistados, 0,1% não souberam indicar o nível de endividamento e 36,1% afirmaram não ter dívidas, ou seja, não possuem débitos no cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro, ou outras formas.
Assim como nos meses anteriores, o cartão de crédito é a principal fonte de dívida dos entrevistados (84%), seguido pelos carnês de loja (8,8%) e o crédito pessoal (5,7%). Para quem é adepto do uso constante do cartão de crédito devido à sua facilidade de aceitação e da oferta dos mesmos por bancos, financeiras e empresas diversas, o economista alerta para as altas taxas de juros praticadas no mercado.
“Como já há notícias de que o risco de calote vem aumentando, não apenas entre as pessoas físicas como também as jurídicas, hoje, segundo dados da ANEFAC, a taxa de juros mensal praticada no cartão de crédito gira em torno de 419,60% ao ano (a.a.), enquanto os juros dos carnês de loja estão em torno de 94,49% a.a. e, do empréstimo pessoal em financeiras, vem sendo praticada a taxas anual de 157,47%”, explica.
Dentre as famílias com dívidas em atraso (32,6%), 51,1% possuem mais de um membro com dívidas em atraso, ao contrário de 48,7%. Já quando observadas as famílias que estão inadimplentes (21,8%) em relação as suas condições de pagar as dívidas em atraso, apenas 6,2% indicaram ter condições de pagá-la integralmente, 16,4% parcialmente e 66,9% disseram que não conseguiram pagar suas dívidas, mantendo-se na inadimplência. “Hoje, o tempo médio de dívidas em atraso na capital é de cerca de 69,9 dias. O tempo em que as famílias se comprometem com dívidas devido ao parcelamento no ato das compras fica em torno de 6,3 meses na média e o comprometimento da renda com dívidas desse tipo é de 26,3%”, pontua Rocha.