A Polícia Federal (PF) cumpre 12 mandados judiciais da 27ª fase da Operação Lava Jato em São Paulo desde a madrugada desta sexta-feira (1º). A ação foi batizada de Carbono 14 em referência a procedimentos usados para investigar fatos antigos.
Foram expedidos mandados de prisão contra empresário e dono do jornal “Diário do Grande ABC” e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo Ronan Maria Pinto e o ex-secretário geral do PT Silvio Pereira. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é alvo de condução coercitiva – quando uma pessoa é levada a depor mesmo contra a vontade. Também é alvo da mesma medida Breno Altman.
Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos nas empresas DNP Eventos, Expresso Santo André no Diário do Grande ABC.
Do total de mandados expedidos, dois são de prisão temporária, oito de busca e apreensão, além de dois de condução coercitiva. A ação ocorre em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André.
Entre os crimes investigados estão extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a partir de diligências, descobriu-se que, do valor total emprestado de R$ 12 milhões a José Carlos Bumlai, que cumpre prisão domiciliar, pelo menos R$ 6 milhões tiveram como destino o empresário do município de Santo André (SP), Ronan Maria Pinto.
A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.
Foragido preso
A PF informou também que Luiz Eduardo da Rocha Soares, que teve um mandado expedido na 26ª fase e estava foragido, foi preso na quarta-feira (30) e também será levado para a capital paranaense nesta sexta. Ele estava no exterior e não tem relação com a 27ª fase, ainda de acordo com os delegados.
A 26ª fase foi deflagrada no dia 22 de março e cumpriu 108 mandados judiciais. A ação foi batizada de Xepa e é um desdobramento da Operação Acarajé, a 23ª fase, que ocorreu em fevereiro deste ano e investiga o pagamento de propinas por parte do Grupo Odebrecht a agentes públicos.
Na quinta-feira (24), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decretou sigilo sobre toda a investigação referente à 26ª etapa.
Ao todo, 13 pessoas foram presas. Nove tiveram mandados temporários expedidos e deixaram a carceragem com o fim do prazo, que era de cinco dias.
Os demais tiveram mandado preventivo e estão detidos na carceragem em Curitiba. São eles:
1) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho – executivo da Odebrecht.
2) Olivio Rodrigues Júnior – sócio da empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira Ltda. O nome dele constava na agenda de Maria Lucia Tavares.
3) Marcelo Rodrigues – é irmão de Olívio ligado a off-shores Klienfeld Services, utilizada pela Odebrecht para pagar propina a agentes da Petrobras.
4) Luiz Eduardo da Rocha Soares – executivo da Odebrecht e foi o último a ser preso.
Na segunda-feira (28), Moro decidiu enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações da 23ª e 26ª fases.
Segundo Moro, planilhas apreendidas identificam pagamentos a autoridades com foro privilegiado. Entretanto, ainda de acordo com o juiz, ainda é prematura qualquer conclusão sobre a natureza ilícita, ou não, dos pagamentos que fazem parte dos documentos.