Três pessoas foram presas acusadas de integrarem uma quadrilha de estelionatários, que aplicava golpes em empresas que utilizavam boletos bancários, além de clonar cartões de créditos. A operação aconteceu nessa quarta-feira (06) e foi realizada pela Divisão Especial de Investigações e Capturas (DEIC).
Foram presos: Diego Gomes Pereira, 34, no Jardim Petrópolis; Felipe Messias Costa, 28 e Danylo César Almeida dos Santos, 24, ambos no bairro do Feitosa. Com eles os policiais encontraram vários cartões de crédito virgens, que seriam utilizados para a clonagem; cartões e cheques em nome de terceiros, maquinetas, munições e uma agenda com contatos e valores.
A quadrilha vinha aplicando golpes em diversas empresas do país há um ano e meio. A polícia conseguiu chegar até os estelionatários depois que as empresas lesadas denunciarem o golpe em seus estados e a polícia identificar que a conta beneficiária tinha origem em Maceió. A conta que recebia o dinheiro dos golpes foi bloqueada e a polícia chegou até um jovem identificado apenas como JC, que se tornou delator do crime.
Durante entrevista coletiva na sede da Deic, JC relatou que, em uma conversa informal na porte de seu escritório, foi abordado por Diego, que disse que ele poderia ganhar um dinheiro e, para isso, lhe apresentou Felipe e Danylo.
“Diego me perguntou se queria ganhar dinheiro e aí trouxe os outros dois para eu conhecer. Não conhecia nenhum deles, mas fui convencido porque eles alegaram que já faziam esse trabalho há muito tempo e nunca tinha dado problemas. Eles pediram meus dados bancários e o CNPJ da minha empresa e eu dei. Eu não peguei endereço deles, mas quando vi o dinheiro cair na minha conta, eu acreditei. Diariamente caía dinheiro na minha conta, com valores entre vinte e setenta mil reais e eu recebia dez por cento do valor. A movimentação na minha conta durou uma semana e recebei em torno de doze mil reais”, disse o colaborador da polícia.
JC explicou ainda que não sabia a origem do dinheiro, mas ao questionar, os estelionatários explicaram que se dava por meio de boleto bancário. Após ter sua conta bloqueada, JC procurou um advogado e procurou a polícia. “Eu não tinha contato com eles, não sabia de nada. Fui usado como laranja e cheguei a ser ameaçado”, completou.
Como funcionava o golpe
A quadrilha trabalha com o golpe de difícil identificação e que prejudicou dezenas de empresas. De acordo com o delegado Vinícios Ferrari, as vítimas do trio eram empresas que realizavam pagamentos via boleto bancário, de qualquer banco.
A quadrilha agia durante a geração do boleto. “Eles trocavam o link de geração de boleto e, quando a empresa devedora ia gerar o boleto bancário para fazer o pagamento, na verdade geravam um boleto com o código de barras que direcionava o pagamento para a empresa que cedeu a conta, que era a do nosso colaborado. Com isso, a empresa achava que tinha quitado o débito, mas o dinheiro ia para a conta dos estelionatários”, explicou o delegado.
Segundo o delegado, os presos negam as acusações, mas além dos materiais apreendidos, as dúvidas foram esclarecidas durante uma acareação realizada entre o delator e os três presos.
Por se tratar de um crime de internet, o delegado acredita que ainda há uma quarta pessoa envolvida. “Se está faltando alguém para ser preso, possivelmente é uma pessoa responsável pela parte de internet. Pelo que soubemos, nenhum dos presos sabe operar bem os sistemas de informática, então alguém trabalhava para eles e eles não falaram quem seria. Mas a resposta foi rápida. É um crime de difícil elucidação porque é um crime de internet e a polícia está começando a solucionar este tipo de crime, porque tem pouca tecnologia para isso. É um trabalho quase pioneiro que acabou em êxito”, comemorou o delegado.
O valor exato do prejuízo, a polícia ainda não sabe precisar porque depende da autorização da quebra do sigilo bancário, que já foi solicitado à justiça.
Todos os envolvidos, inclusive o delator, serão indiciados pelos crimes de estelionato, invasão de dispositivos eletrônicos e outros crimes de falsidade. “JC, nosso colaborador, não está preso porque está colaborando com a polícia, mas será indiciado junto com os outros, pois não há dúvidas de que ele também foi beneficiado com o golpe”, disse Vinícios Ferrari.