O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou na manhã desta quarta-feira (20) que deixará a pasta. Após uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, ele afirmou que “é hora” de entregar o ministério.
Braga é um dos ministros do PMDB que se manteve na equipe ministerial mesmo após o rompimento do partido com o governo. Na hipótese de a presidente vir a ser afastada em razão do processo de impeachment que tramita no Senado, assumirá o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB.
“Eu acabei de ter conversa com a presidenta e avaliamos que é hora de eu entregar o ministério. Ela aceitou. Portanto, eu estarei entregando hoje minha carta, agradecendo a confiança, agradecendo a oportunidade que ela me deu”, afirmou Braga ao chegar ao Ministério de Minas e Energia.
Eduardo Braga disse que o PMDB “soube respeitar” a posição dele, após ter sido questionado sobre se houve pressão do partido para deixar o cargo.
“O PMDB soube respeitar e diferenciar minha posição. Eu agradeço, porque me deram a condição de eu poder tentar, e eu tentei, efetivamente, ajudar o Brasil e o Amazonas”, disse.
Impeachment
Com a saída do governo, o ministro voltará para o Senado – que terá de dar a posição final sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Braga disse, no entanto, que ainda passará por um período de licença por motivos de saúde. A suplente do ministro é a mulher ele, Sandra Braga (PMDB-AM).
Braga evitou se posicionar em relação ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Eu não estarei [na votação], eu tenho alguns problemas de saúde que tenho que cuidar. Eu estarei de licença por alguns dias, mas minha suplente está lá, representando com coerência e posições claras a nossa posição na votação do Senado”, disse.
Questionado sobre se a saída de ministros do PMDB representava uma posição a favor do impeachment, Braga respondeu: “Não faz essa maldade comigo”.
Braga disse que conversou nesta terça-feira (19) com Romero Jucá, presidente em exercício do PMDB, e defendeu uma “postura diferenciada” do Senado.
“Ainda ontem conversei com senador Romero e disse: ‘Eu estou entregando cargo à presidenta porque acho que neste momento é importante para o país que tenhamos no Senado uma postura diferenciada'”, disse.
O peemedebista afirmou que o Senado é uma casa mais madura e experiente. “Não quero aqui fazer nenhum comentário sobre o que aconteceu na Câmara dos Deputados, mas acho que o Senado, por ser uma casa mais experiente, mais madura, uma casa que representa a República brasileira – a federação brasileira é representada pelo Senado – eu acho que é preciso que tenhamos muita responsabilidade, e muita, mas muita maturidade, diante do que estamos fazendo. Não há como comparar este procedimento de 2016 com o que aconteceu em 1992. É preciso ter muita cautela”, disse.
Técnico
Eduardo Braga mencionou a possibilidade de um técnico assumir a chefia do Ministério de Minas e Energia. “Eu acho que agora eu ajudaria mais ao Brasil dando espaço para que um técnico talvez assuma agora o ministério”, disse.
Braga disse, ainda, que sugeriu à presidente “aproveitar” o atual secretário-executivo da pasta, Luiz Eduardo Barata, em “outra posição”, sem mencionar qual. “Eu acho que a presidenta vai tomar algumas decisões. Eu dei minha sugestão para ela do que eu achava que deveria ser, mas vamos ver. Eu sugeri aproveitar o Barata numa outra posição”, disse.
O ministro disse que “há muito ainda a ser feito”, mas que tem a sensação de ter feito muito.
“Chegamos aqui debaixo de uma grande crise. Crise de fornecimento de energia, crise hidrológica, crise de tarifas, situação econômica de liquidação de curto prazo vivendo um momento dramático, as distribuidoras vivendo graves e sérias dificuldades e que nós vencemos essas etapas, uma a uma”, declarou.
Interinos
Para evitar percalços e questionamentos na Justiça, Dilma freou as nomeações de segundo e terceiro escalões. Pelo menos seis ministérios deverão continuar com ministros interinos: Esporte, Turismo, Integração Nacional, Cidades, Secretaria de Aviação Civil e Casa Civil.
Dois ministros que saíram para votar contra o impeachment no domingo (17) reassumiram seus postos: o petista Patrus Ananias, do Desenvolvimento Agrário; e o peemedebista Marcelo Castro, da Saúde.
Celso Pansera, também do PMDB, pediu para não voltar mais para o Ministério de Ciência e Tecnologia. Também deixaram o governo Gilberto Occhi (Integração Nacional), indicado pelo PP; Gilberto Kassab (Cidades), presidente nacional do PSD; e Henrique Alves (Turismo), do PMDB.
Eles decidiram entregar seus cargos após as bancadas dessas legendas na Câmara se posicionarem favoravelmente ao impeachment de Dilma.