Em março, Alagoas foi o quarto estado do País que mais desempregou ao desativar 9.872 postos de trabalho. Conforme os dados do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), por ordem, os estados que mais desempregaram foram São Paulo (32.616), Rio de Janeiro (13.741) e Pernambuco (11.383). Em Alagoas, em março, a indústria de transformação, representado pelo setor sucroenergético, foi responsável por 69,12% dos desligamentos, ou seja, 6.824. O desempregou comprometeu 21.899 postos de trabalho, de janeiro a março de 2016, no Estado.
De acordo com a análise do economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL), Felippe Rocha, o período de entressafra contribuiu significativamente para esse percentual de desemprego. “A atividade das usinas de açúcar e álcool arrefece determinando o esvaziamento do mesmo até junho, quando deve recomeçar suas atividades produtivas recuperando grande parte dos empregos”, afirmou.
A agropecuária foi o segundo setor produtivo que mais demitiu 17,95%. “Também tem ligação com a produção da cana de açúcar e de diversas leguminosas em geral amplia seus desligamentos sempre em períodos de entressafra”, observou Felippe. Já o terceiro segmento que mais provocou demissões foi a construção civil, com 5,36% do total de desligamentos no período. “O setor perdeu o dinamismo devido à incerteza política, redução dos investimentos do Programa Minha Casa Minha Vida e novas condições de financiamento que prejudicam a aquisição de imóveis novos, retardando as investidas do setor”, explicou o economista.
TABELA 1 – EMPREGO FORMAL EM ALAGOAS, POR SETORES DE ATIVIDADE ECONÔMICA DE MARÇO DE 2016 |
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SETORES | TOTAL DE ADMISSÃO | TOTAL DE DESLIGAMENTOS | SALDO |
EXTRATIVA MINERAL |
7 |
11 |
-4 |
IND. DE TRANSF. |
646 |
7.470 |
-6.824 |
SERV. INDUST DE UTIL PUBLICA |
57 |
145 |
-88 |
CONSTRUÇÃO CIVIL |
1.061 |
1.591 |
-530 |
COMÉRCIO |
2.003 |
2.370 |
-367 |
SERVIÇOS |
2.852 |
3.140 |
-288 |
ADM PÚBLICA |
4 |
2 |
2 |
AGROPECUÁRIA |
104 |
1.877 |
-1.773 |
TOTAL |
6734 |
16606 |
-9872 |
Fonte: Caged/MTE
Referente ao setor de Comércio e Serviços de Alagoas, o mesmo vem sofrendo com desligamentos devido ao baixo nível de consumo mensurado pela pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento (IFEPD), como a Intenção de Consumo das Famílias de Maceió (ICF). O resultado é confirmado pelas vendas em volume e receita nominal do setor tanto pela Pesquisa Mensal do Comércio, quanto pela Pesquisa Mensal de Serviços, ambas do IBGE. “O setor de serviços continua demonstrando fôlego para o dinamismo tendo apresentado saldo positivo de admissão, em janeiro, e apresenta um volume de serviços e receita ainda positiva”, disse.
Em março, o comércio desligou 367 postos de trabalho e serviços, 288 demissões. “Embora o Comércio tenha apresentado saldo negativo na criação de postos de trabalho, o varejo apresentou saldo positivo entre admissões e desligamentos, apresentando a geração de 12 postos de trabalho, enquanto o atacado apresentou o desligamento de 379 pessoas”, comentou.
O setor de setor de serviços apresenta saldo negativo, mas ainda possui segmentos dinâmicos, como o setor de comércio e administração de imóveis e valores mobiliários que apresentou contratação de 169 pessoas, em conjunto com o setor de ensino, que contratou 32 pessoas no período. O setor de serviços que mais desempregou foram: alojamento, alimentação, reparação e manutenção, com desligamento de 325 postos de trabalho. Seguido por transporte e comunicação com saldo negativo de 182.
Conforme o economista, o cenário de desemprego afeta a renda e o consumo das famílias e gera um ciclo de menor consumo, maior desemprego, menos investimentos. Em Maceió, segundo pesquisa realizada pelo próprio IFEPD, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de bens Serviços e Turismo (CNC), aponta que 19,3% dos consumidores de Maceió estão na situação de inadimplência. Ao analisar os dados sobre a devolução de cheques em relação aos cheques compensados em março (dados divulgados pelo SERASA Experian), foram devolvidos por insuficiência de fundos, pela segunda vez, 5,26% dos cheques compensados.