O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e suas consequências econômicas foi um dos assuntos comentados pelos governadores da região Nordeste que participam, em Maceió, do encontro para debater a dívida pública dos Estados e a continuidade de programas federais importantes para a promoção do desenvolvimento no Nordeste.
Tanto o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB-PB), quanto o do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), ressaltaram que há uma preocupação muito grande com os reflexos dessa conjuntura política na economia do país e temem que haja retrocesso também no que diz respeito às conquistas sociais.
“A maioria dos governadores do Nordeste são contrários ao processo de impeachment e não há nenhuma conjuntura que leve alteração desta visão. Ao contrário, os fatos dessa última semana mostram que o processo é um imenso equívoco e cujo preço ainda não está claro. Conquistas importantes do povo mais pobre do país estão sob ameaça, a exemplo do conjunto de políticas sociais. O Debate sobre cultura e Direitos Humanos, por exemplo, não é apenas sobre extinção ou não dos Ministérios. Há uma tentativa de combater tais políticas e isso é retrocesso civilizacional. Há setores que apoiaram o afastamento da presidenta que desejam impor uma agenda reacionária de retrocesso”, defendeu Flávio Dino.
“Temos dificuldades no plano político e econômico. Tivemos uma situação de rupturas das regras do jogo constitucional, com consequências ainda não claras. A questão é saber como o Brasil vai sair dessa confusão”, disse Flávio Dino em relação à mudança de governantes que tem causado o que ele classificou como “momento de instabilidade”.
Assim como Dino, o governador da Paraíba também repudiou o afastamento da presidenta. Para eles ainda não ficou clara a “causa constitucional” para o impeachment. “Estamos em um momento muito delicado. Houve uma interrupção de processo em curso que preocupa a todos nós. É algo que jamais imaginaria. Até então não foi explicitado qual o crime de responsabilidade que a presidente cometeu. Isso para mim é muito grave. O Brasil mais do que nunca precisa voltar a convergir numa mesma direção, dentro de um projeto democrático”, destacou Ricardo Coutinho.
Ele lembrou as conquistas que o Nordeste obteve nos últimos anos, sobretudo, com a realização de obras estruturantes, a exemplo do Canal do Sertão, em Alagoas. “Não quero que Nordeste seja visto como um problema. Quero que seja visto como uma solução”, concluiu.