Laudo não aponta indícios de violência em caso de estupro no Rio

Jovem fez exame 4 dias após o crime, o que afetou o resultado. Chefe da polícia disse que perícia de vídeo pode contrariar o senso comum.

estupro-coletivo12-Laudo não aponta indícios de violência em caso de estupro no Rio Jovem fez exame 4 dias após o crime, o que afetou o resultado.

Chefe da polícia disse que perícia de vídeo pode contrariar o senso comum.

O laudo da perícia do caso do estupro da jovem de 16 anos no Rio diz que a demora da jovem em acionar a polícia e fazer o exame foi determinante para que não fossem encontrados indícios de violência, como mostrou o Bom Dia Rio nesta segunda-feira (30). A garota foi examinada quatro dias após o crime.
Além do resultado do exame de corpo de delito, a polícia também fez uma perícia no vídeo que foi divulgado nas redes sociais.

Neste domingo (29), o Fantástico adiantou algumas informações que estarão no laudo feito sobre o vídeo. O Chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, disse que a perícia feita no vídeo traz respostas que podem contrariar o senso comum que vem sendo formado sobre esse caso.

“Não há vestígios de sangue nenhum que se possa perceber pelas imagens que foram registradas. Eles [os peritos] já estão antecipando, alinhando algumas conclusões quanto ao emprego de violência, quanto à coleta de espermatozoides, quanto às práticas sexuais que possam ter sido praticadas com ela ou não. Então, o laudo vai trazer algumas respostas que, de certa forma, vão contrariar o senso comum que vem sendo formado por pessoas que sequer assistiram ao vídeo”, concluiu Veloso.

Programa de proteção

A jovem de 16 anos de idade que teria sido vítima de um estupro coletivo em uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro entrou no Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes ameaçados de Morte (PPCAM), executado pela Secretaria de Direitos Humanos do Estado do RJ. A adolescente já saiu de casa e está em um local que não foi divulgado, como informou a Globo News.

O programa de proteção foi criado em 2003 como uma das estratégias do governo federal para o enfrentamento dos casos de assassinato de crianças e adolescentes.

A delegada que assumiu a coordenação do caso a partir deste domingo (29), Cristina Bento, titular da Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente Vítima afirmou que está estudando o inquérito e que a medida foi necessária para garantir a segurança da jovem.

“É muito importante, para garantir a integridade física da vítima. Se houver alguma dúvida, vamos ter que requisitar a oitiva dela e ver uma forma de novamente ouví-la. Mas eu acredito que não será necessário. Mas eu preciso analisar cada termo de declaração tomado. Estou vendo parágrafo por parágrafo e vou dar uma resposta. Vocês podem confiar”, afirmou a delegada.

Advogada dispensada

No fim da tarde deste domingo (29), a advogada Eloísa Samy Santiago informou que a família da adolescente, que teria sofrido violência sexual de 30 homens dispensou os seus serviços.

“Hoje à tarde recebi pelo WhatsApp um aúdio da avó da adolescente me agradecendo pelo meu empenho e dedicação ao caso, mas dispensando a continuidade dos meus serviços em razão da família agora estar sob os cuidados e a proteção da Secretaria de Direitos Humanos do Estado”, afirmou Eloísa em uma postagem em uma rede social.

Troca de delegado

Neste domingo (29), toda a coordenação da investigação do caso de estupro coletivo da adolescente passará para a ser conduzida pela Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), afirmou o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso:

“Em razão desse elevado desgaste que o delegado [Alessandro Thiers, delegado titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI)] está tendo, a gente vai avaliar se houve falta de habilidade dele na questão do trato com a vítima, ou não. Até para tentar preservar o delegado e garantir a imparcialidade da investigação, para que a gente não tenha que enfrentar discussão sobre a investigação ser conduzida de forma imparcial”, disse Veloso.

As investigações estão agora sob a responsabilidade de Cristiana Bento, delegada titular da DCAV, que já acompanhava as investigações.

“Os autos estão indo para a mão dela. Estarão com ela ainda hoje. Já conversamos e ela vai se inteirar de todas as provas já colhidas e materializadas”, informou o chefe de Polícia Civil.
Segundo Veloso, a questão suscitada pela advogada da vítima, Eloísa Samy, de que a menor teria ficado acuada durante depoimento ao delegado Thiers, foi levada em consideração.

“A gente entende que, ainda que o delegado [Alessandro Thiers] estivesse buscando o melhor caminho para esclarecer os fatos, a Dra. Cristiana tem essa habilidade [de tratar com menores vítimas], além de ter o mesmo conhecimento que o Dr. Alessandro. Ela é tão competente quanto ele, são dois excelentes delegados. Ela tem sensibilidade e um conhecimento melhor nessa questão do trato com a vítima. Afinal de contas, esse é o dia a dia dela”, afirmou Veloso.

Nesta segunda-feira, de acordo com Veloso, a delegada Cristiana Onorato dará mais informações sobre o caso durante coletiva de imprensa. “Vamos fazer um balanço amanhã [hoje]. A dra. Cristiana já vai se manifestar quanto a decisões tomadas”, afirmou.

Adolescente se sente acuada, diz advogada

Neste sábado (28), a advogada da adolescente de 16 anos que denunciou ter sido estuprada por 33 homens, Eloisa Samy, disse que pediria a a substituição do delegado Alessandro Thiers, que estava à frente do caso.

Segundo Samy informou ao RJTV, durante o novo depoimento da jovem na noite de sexta (27), o delegado deixou a menor se sentindo acuada.

“Havia três homens no ambiente e o delegado, ainda por cima, fez a pergunta se ela tinha hábito de fazer sexo em grupo.”, afirmou a advogada.

O pedido da advogada para que Thiers fosse afastado chegou, neste domingo, ao plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio, mas, a juíza Angélica Costa adiou decisão sobre o caso. Com isso o processo será remetido nesta segunda-feira (30) para uma vara criminal.

Operação na Zona Oeste

A Polícia Militar realizou na manhã deste domingo uma operação nas comunidades de São José Operário e Covanca, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio, para, entre outros objetivos, buscar suspeitos de participação no caso da adolescente que denunciou ter sido vítima de um estupro coletivo envolvendo 33 homens. Setenta policiais participaram da ação.

Veloso comentou a operação: “Quanto à operação de hoje. Ela é uma de uma série. Há interesse que sejam ouvidas quaisquer pessoas que tenham alguma relação, algum tipo de ligação com o tráfico daquela localidade. Só aconteceu daquela forma que foi descrita, que está sendo investigada, porque o tráfico de drogas, de alguma maneira, permitiu isso”.

Fonte: G1

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