Única invicta no Brasileirão, a Chapecoense virou um ‘case de sucesso’. Depois de seis rodadas, a surpresa catarinense se mantém na sétima colocação no Brasileiro, ao lado de Flamengo e São Paulo e somente a três pontos do G-4. O seu sucesso intriga até mesmo os moradores de sua região: ele motivou palestra sobre gestão e metodologia de trabalho.
Esse foi o primeiro compromisso do clube na semana.
Em café da manhã na última segunda-feira, no auditório da prefeitura local, o presidente Sandro Pallaoro e o técnico Guto Ferreira discorreram sobre como o sucesso da Chape nos gramados pode ensinar às empresas.
E, claro, também, a seus concorrentes.
Em cinco anos, o time de Chapecó saltou da Série D para a Série A, mantém um orçamento que fica em torno de R$ 45 milhões anuais e, ainda assim, consegue se reerguer mesmo após as recorrentes perdas de atletas. Não resta dúvida: a equipe está na moda.
“Tem jogadores que ficaram por aqui que sabem que iam ganhar menos, mas que não receberiam em dia em clubes mais ricos. Neste momento, ainda não temos assedio forte que tenha dificultado nossos trabalho. Fim do ano foi bem cirúrgico, no entanto, buscaram Túlio de Melo, Camilo e Apodi. Para repor esses caras foi difícil”, conta Guto Ferreira ao ESPN.com.br.
“Perdemos o Maranhão agora(para o Fluminense), mas o Lucas gomes deu conta do recado. Agora temos outros jogadores em crescimento como Silvinho e o Hyoran. Temos um grupo muito bom e comprometido, e isso auxilia na reposição desses caras”, prossegue.
Os resultados positivos refletem o seu desempenho em campo, mas não apenas isso.
Existe toda uma preocupação com a estrutura que trabalha para que Bruno Rangel e seus colegas tenham tranquilidade no dia a dia.
A exemplo do que aconteceu em 2015, os funcionários do clube contam com a promessa de pagamento de 14º salário ao fim da temporada em caso de permanência mais uma vez na Série A.
“Temos um quadro de funcionários que participa dos prêmios do grupo profissional e outro que não. Então, em fevereiro deste ano, o presidente lançou o 14º para todas as pessoas que trabalharam nos últimos dois anos na Série A integralmente. Aqueles que estiveram por um ano receberam proporcional”, explica Guto.
A Chapecoense se apoia no tripé elenco barato (teto de R$ 100 mil), estádio (pertencente à Prefeitura, a Arena Condá deve ser repassada aos seus cuidados em breve) e sócio-torcedor (apenas 8 mil, porém, com valores maiores) para alçar voos ainda mais altos.
Existe a convicção de que a sua margem de erro não é a mesma dos demais.
“Ela é muito menor que em outros lugares. Qualquer clube grande trabalha com departamento de análise e captação com 10 ou 15 pessoas diariamente com observação e vídeos. Aqui nós trabalhamos com um profissional na edição e os profissionais da área técnica – são seis pessoas que tomam as decisões. Temos uma equipe enxuta. O complicado é você ter tempo para fazer esse trabalho”, descreve o ex-treinador da Ponte Preta e da Portuguesa, dentre outros.
Com as finanças em dia, os catarinenses desembolsam hoje apenas R$ 4 mil por mês em parcelas por dívidas de seu passado.
A política pés no chão rende frutos.
“O clube virou um case de sucesso para a região de como administrar”, conclui Guto Ferreira.