Cármen Lúcia diz que processo de juízes contra jornalistas é ‘esquisito’

Ela também comentou sobre pressão a magistrados na Lava Jato: 'Blefe'.

  

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (24) que é “no mínimo esquisito” que juízes do Paraná tenham entrado com diversas ações contra jornalistas do jornal ‘Gazeta do Povo’ do Paraná.  “O que foi publicado não era proibido”, afirmou.

A ministra proferiu palestra sobre a liberdade de expressão durante o 11° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, em São Paulo, e foi questionada sobre a série de ações judiciais de juízes do Paraná contra jornalistas após a publicação de uma reportagem sobre salários dos magistrados acima do teto constitucional pagos pelo Tribunal de Justiça (TJ) e pelo Ministério Público do Paraná (MP).

“Os tribunais têm que ter transparência. Então é curioso. Aquele órgão não estava cumprindo seu dever de transparência? Pois isso não deveria ser novidade”, disse a ministra sobre a publicação dos salários.

“É mais grave porque é como se estivesse tentando criar um direito à privacidade onde o dever é de publicidade”, completou. “Quem pagam [os salários] são vocês.”

Questionada sobre a divulgação de gravações da Operação Lava Jato em que autoridades dizem ter influência sobre ministros do Supremo, ela afirmou que é “impossível”. “Há blefe o tempo todo. Se isso acontecer, é uma tentativa de crime e será decidamente punida. Não acho que alguém tenha tamanha petulância”, afirmou.

Cármen Lúcia comentou ainda sobre investigações que correm em sigilo no Supremo. “Isso não é uma escolha do juiz. Se a investigação for divulgada, o investigado destrói a prova”, disse.

A ministra também defendeu o combate à corrupção e disse que o atual momento do país “é uma passagem”. Ela contou uma história citando a mãe, que combatia diariamente ervas daninhas de suas flores. “Eu acho que puxei isso de minha mãe. Eu não tenho vocação para erva daninha. O Brasil erva daninha que tantos plantam e colhem e vivem depois ervanário e contas na Suíça, podem perfeitamente deixar de passar, porque eu sei florecer flores”, concluiu.

A ministra Cármen Lúcia participa de palestra no Congresso da Abraji em São Paulo (Foto: Rosanne D'Agostinho/G1)A ministra Cármen Lúcia participa de palestra no Congresso da Abraji em São Paulo (Foto: Rosanne D’Agostinho/G1)
Fonte: G1

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