Um novo laudo do Centro de Perícias da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) aponta que aluna encontrada morta durante uma excursão escolar em São Paulo, em 2015, pode ter sido assassinada. A informação foi obtida com exclusividade pela reportagem do Fantástico.
O parecer foi pedido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa de São Paulo (DHPP), que assumiu o caso em março deste ano. Com os exames refeitos, a conclusão foi que Victoria Mafra Natalini, de 17 anos, morreu por “asfixia mecânica, na modalidade de sufocação direta”.
A adolescente foi encontrada sem vida em uma fazenda em Itatiba, no interior de São Paulo, em setembro do ano passado. Ela fazia um trabalho de campo no local com um grupo de colegas da escola.
À época do caso, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Jundiaí (SP) apontou morte por causa indeterminada para o caso. Os exames indicaram que Victória não tinha usado drogas nem tomado bebida alcoólica. Ela também não apresentava sinais de violência sexual.
Ana Paula Rodrigues, delegada do DHPP e responsável pela nova investigação, afirma que tudo pode ter acontecido, “inclusive” um assassinato. “É uma fazenda aberta. Moram colonos que trabalham ali. Há um grande fluxo de pessoas alheias à fazenda”, analisa. Mas revela que, por ora, não há um suspeito. “Por enquanto, não.”
Para a delegada, a escola foi negligente com a aluna durante a excursão.“Teria que ter um responsável sempre ao lado. Houve, sim, falhas de protocolo de segurança”, avalia.
José Jozefran Berto Freire, da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas, explica que geralmente a sufocação direta é resultado de um crime, de um assassinato. “Na maior parte dos casos, é feita pelas mãos. A maior parte dos casos que se tem na literatura é sempre por terceira pessoa.”
Com esse novo resultado da perícia, o pai de Victória, Joao Carlos Siqueira Natalini, contratou peritos particulares para analisar o caso. A conclusão desses peritos é que a estudante realmente foi assassinada e que o criminoso carregou o corpo da menina até o local onde, depois, foi encontrado pela polícia.
Natalini acredita que a escola Waldorf Rudolf Steiner, onde a menina estudava desde pequena, deve responder pela morte de sua filha. “Eu responsabilizo, sim. É patente que essa escola realizou esses trabalhos numa atitude de amadorismo sem tamanho”, defende.
Em nota, a escola disse que, nas viagens, “disponibiliza profissionais capacitados para atender às necessidades dos alunos”. Afirmou também que na excursão a Itatiba, a equipe era “formada por cinco adultos, além dos profissionais fornecidos pela própria fazenda”.
A escola disse ainda que vai “empenhar todos esforços para apoiar os órgãos competentes na conclusão das investigações”.
Victória, que adorava música, queria ser chef de cozinha. Ela faria 18 anos agora em julho. “Está faltando música na minha vida, cor. É viver pela metade. É saber que só o tempo vai acomodar isso, que a falta vai ficar para sempre”, afirma o pai.