Uma testemunha do ataque em Nice presenciou de perto o ataque à multidão na cidade francesa.
Em entrevista à rádio 5 da BBC, o egípcio Nadar El Shafei disse que no início pensou que o motorista tivesse perdido o controle do caminhão e atingido pedestres “por acidente” na principal avenida litorânea da cidade.
“Eu continuei gritando e berrando para ele parar”, afirmou.
El Shafei disse que o caminhão parou a cerca de um metro dele, e descreveu como o motorista ignorava as pessoas e parecia procurar algo dentro da cabine do veículo – uma arma.
Com um telefone, o egípcio filmou o momento em que o homem começou a atirar pela janela do caminhão, até ser morto pela polícia francesa. Ao menos 84 pessoas morreram no atentado.
Leia abaixo o relato da testemunha:
“Logo após a queima de fogos, todas as pessoas estavam na praia – eu estava entre elas, aproveitando a celebração do Dia da Bastilha.
Cinco minutos após o fim dos fogos, todas as pessoas estavam andando de novo pela rua em frente à praia quando de repente ouvimos gritos.
Vi um caminhão vindo em minha direção. Eu estava na frente do caminhão na avenida principal e vi algumas pessoas embaixo do caminhão, já esmagadas.
Ele parou na minha frente, a cerca de um metro – pude vê-lo pela janela.
No começo, pensei, vendo as pessoas em volta, que tinha sido um acidente, que aquele homem tinha apenas perdido o controle do carro e atingido as pessoas por acidente.
Então fiquei gritando e berrando para ele parar, porque havia pessoas embaixo do veículo. Mas ele não olhava para ninguém – apenas se movia dentro do carro de um jeito nervoso e agressivo, como se estivesse procurando alguma coisa.
As mãos dele estavam no volante – pensei que ele tivesse perdido o controle e estivesse tentando parar o caminhão.
Mas ele pegou uma coisa – para mim pareceu um celular, então pensei que ele pudesse estar tentando chamar uma ambulância.
De repente a polícia veio por trás de mim, porque eu estava encarando o homem. E o vi sacando sua arma e começando a atirar pela janela.
Naquele momento a polícia me afastou, pedindo que corresse. Eles diziam ‘dégagez’ [saia]. Então eu recuei quatro metros.
Peguei meu celular e comecei a gravar o tiroteio e o que estava acontecendo.
Eu não corri – estava paralisado. Filmei tudo até a polícia matar o homem.
Um policial me viu filmando – e gritou de forma agressiva para que corresse. Eu apenas me abaixei, porque eles estavam dizendo ‘abaixe-se’, ‘abaixe-se’, por causa do tiroteio.
Então eu me joguei no chão, mas ainda estava filmando. Então esse policial veio novamente, e direto até mim, gritando para todas as pessoas na praia que saíssem dali – acho que eles pensavam que pudesse haver uma bomba no caminhão ou com o homem.
Naquele momento eu percebi que er amuito sério, e comecei a correr com as pessoas pela praia.”