Estudo da Fiocruz comprova: muriçoca transmite zika vírus

Pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) detectou a presença do zika em mosquitos Culex quinquefasciatus, a muriçoca, coletados no Recife. O resultado confirma a espécie como vetor do vírus, que está ligado à epidemia de microcefalia. A hipótese não havia sido comprovada até o momento.

Segundo a pesquisadora Constância Ayres, o estudo demonstra que a muriçoca é capaz de transmitir o vírus, “mas ainda não há como determinar a relevância epidemiológica do vetor.” O próxima desafio será descobrir se foi o Culex ou o Aedes aegypti o responsável pela maior parte das infecções até agora.

No Recife, a população do Culex é cerca de 20 vezes maior do que a de Aedes. Os resultados preliminares identificaram a presença de muriçocas infectadas naturalmente pelo zika em três dos 80 grupos de mosquitos analisados. Em duas dessas amostras os mosquitos não estavam alimentados, demonstrando que o vírus estava disseminado no organismo do inseto e não numa alimentação recente num hospedeiro infectado.

A técnica utilizada no experimento foi RT-PCR quantitativa, baseada na detecção do RNA (material genético) do vírus. O material destes grupos positivos foi usado para isolar as linhagens de vírus circulantes no Recife.

A coleta dos mosquitos foi feita com base nos endereços dos casos relatados de zika nas cidades do Recife e Arcoverde, obtidos com a Secretaria de Saúde de Pernambuco. Cerca de 500 mosquitos foram examinados.

Cada mosquito foi dissecado para a extração do intestino e da glândula salivar, tecidos que representam barreiras ao desenvolvimento do vírus. Se a espécie não for um vetor, em determinado momento o desenvolvimento do vírus é bloqueado pelo mosquito. Se for um vetor, a replicação acontece, se dissemina no corpo do inseto e acaba infectando a glândula salivar, a partir da qual poderá ser transmitido para outros hospedeiros durante a alimentação sanguínea, pela liberação de saliva. Segundo Constância, a partir do terceiro dia após a alimentação artificial, já foi possível detectar a presença do vírus nas glândulas salivares.

A Fiocruz ressaltou que até obter resultados de novas evidências, a política de controle da epidemia de zika continuará pautada pelas mesmas diretrizes, tendo seu foco central no controle do Aedes aegypti.

Fonte: Diário de Pernambuco

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