Base de Temer vai limitar perguntas para acelerar julgamento de Dilma

Sessão final do impeachment inicia nesta quinta com falas de testemunhas. Oposição, por sua vez, vai utilizar todo o tempo disponível para perguntas.

Líderes de partidos da base aliada do Palácio do Planalto decidiram nesta quarta-feira (24) restringir o número de senadores destas siglas que farão perguntas para agilizar as sessões em que serão ouvidas as testemunhas de acusação e defesa no julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff no seu processo de impeachment. A oposição, que apoia a petista, tentará, por sua vez, estender ao máximo o processo.

O julgamento final terá início nesta quinta-feira (25) no plenário do Senado e deve se alongar até a próxima semana, quando os senadores decidirão se afastam ou não a presidente afastada definitivamente.

Os depoimentos das testemunhas, duas da acusação e seis da defesa, estão agendados para quinta e sexta, mas podem avançar pelo final de semana dependendo do número de senadores inscritos para interrogá-las.

As primeiras a serem ouvidas serão as de acusação e, em seguida, as de defesa. O depoimento de Dilma no Senado está previsto para segunda (29).

Segundo o senador José Agripino (DEM-RN), a estratégia definida é que apenas os líderes das legendas façam perguntas. A ordem também é evitar repetições e buscar respostas mais objetivas. Nas palavras deles, a ideia é fazer uma “coisa pragmática, sólida, consistente e, principalmente, convincente”.

“A nossa estratégia vai ser a da racionalidade, objetividade, concentrando nos líderes a inquirição das testemunhas de acusação e defesa, não permitir a repetição de temas”, afirmou Agripino, após participar daa reunião com senadores da base para traçar um acordo de procedimento.

Ele ponderou, no entanto, que, embora haja esse acordo, não será cortada a palavra de outros senadores que quiserem fazer perguntas.

Agripino explicou ainda que os partidos da base pretendem recorrer ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que presidirá o julgamento, toda vez que sentirem que a oposição estiver tentando atrasar o andamento dos trabalhos.

“Se aqueles que seguem a presidente afastada persistirem, nós vamos invocar aquilo que ficou pactuado na reunião de líderes com o presidente do STF, para que o programado venha a acontecer”, ressaltou o senador do DEM.

A apresentação de questões de ordem logo no início da sessão, recurso que deverá ser explorado pela oposição para ganhar tempo, também será contestada com veemência pela base aliada.

“Vou advogar pela celeridade. Queremos que o presidente [Lewandowski] seja firme e atue como um presidente do tribunal de júri. Entendemos que ele prioriza o espírito democrático, mas também não pode violar preceitos do processo”, afirmou a senadora Simone Tebet (PMDB-MS) após a reunião.

A possibilidade que chegou a ser aventada de dispensar uma das testemunhas de acusação para reduzir ainda mais o tempo de sessão acabou descartada, segundo José Agripino.

“Essa é uma hipótese que a essa altura é longínqua, teria que ter feito esse entendimento com antecipação”, disse o senador.

Estratégia da oposição
Por outro lado, senadores da oposição adotarão uma estratégia diferente: utilizar todo o tempo permitido para questionamentos às testemunhas. Segundo o líder da oposição, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a ideia não é atrasar a conclusão do julgamento, mas “mostrar” com as perguntas que não há fundamento para o impeachment de Dilma Rousseff.

“Nós não vamos abrir mão dos nossos direitos. Vamos utilizar todo o tempo necessário para mostrar a farsa que é este processo de impeachment”, disse Lindbergh.

Um interlocutor do PT no Senado disse ao G1 que integrantes do partido têm se reunido com senadores contrários ao impeachment para combinar perguntas que serão feitas às testemunhas para evitar repetições. Segundo ele, “cerca de 20 senadores contrários ao impeachment estão combinando procedimentos”.

Lewandowski, que preside o julgamento, já disse que não permitirá repetições de perguntas, ainda que elas sejam formuladas com palavras e ordem de raciocínio diferentes.

Fonte: G1

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