Na residência humilde de Maria José da Silva, no conjunto Moacir Andrade, Benedito Bentes, o clima ainda é de medo e revolta. A dona de casa, que sofre com uma cardiopatia, segue há dois anos sem notícias do filho, Davi da Silva, de 17 anos, desaparecido após uma abordagem policial no dia 25 de agosto de 2014.
O caso ficou conhecido em todo estado e mobilizou diversas entidades da sociedade civil organizada. Até o momento o que há de concreto é a denúncia do Ministério Público do Estado contra quatro policiais militares, acusados de tortura e ocultação de cadáver. O caso corre em segredo de Justiça e para a família, segue a passos lentos.
Apesar do tempo e toda a angústia, a mãe de Davi nutre a esperança de tê-lo de volta, com vida. “Sei que ele pode entrar por esta porta a qualquer momento e dizer: ‘mamãe estou aqui’”, disse emocionada. Maria José não sabe onde ele pode estar e passa horas do dia especulando o que teria ocorrido, sem sucesso.
Em entrevista ao Alagoas24Horas, ela fez um apelo: “Só peço aos responsáveis pelo desaparecimento do meu filho que digam aonde ele está. Ele não é filho de chocadeira, tem mãe”, desabafa.
Ainda durante a conversa, ela evitou falar na Polícia e nas suspeitas de participação dos militares no desaparecimento do garoto: “Gosto nem de falar”, disse, acrescentando em seguida: “Mas não tenho medo de nada”. Ela tem razão em não ter medo. O caso Davi chamou a atenção da Universidade Federal de Alagoas, da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AL e do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente Zumbi dos Palmares, ambos apoiam a família e prestam o atendimento necessário.
Enquanto ninguém responde “Onde Está Davi Silva?”, o que resta a dona Maria José é esperar.
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