Sesau orienta os pais sobre a importância da vacina contra o HPV

Imunização ajuda a prevenir o aparecimento do câncer de colo de útero e garante qualidade vida às crianças

Carla Cleto/SesauEdilza Maria da Silva é uma dessas mães que estão aprendendo, na prática, como cuidar da filha doente

Edilza Maria da Silva é uma dessas mães que estão aprendendo, na prática, como cuidar da filha doente

 

O HPV (Papiloma Vírus Humano) é a doença sexualmente transmissível mais comum no mundo. Ele é causador de verrugas genitais e anais, neoplasias e câncer de colo de útero, sendo este o terceiro tumor mais frequente na população feminina e terceira causa de morte de mulheres por câncer no Brasil, atrás apenas dos cânceres de mama e colorretal. Por isso, os pais devem ficar atentos, a fim de conscientizar e alertar às suas filhas sobre a importância da vacina contra este tipo de vírus.

De acordo com Claudeane Nascimento, assessora estadual do Programa Nacional de Imunização (PNI), a vacina contra o HPV previne a transmissão do vírus causador do câncer do colo de útero, contraído por relações sexuais, contato direto com peles ou mucosas infectadas e até no momento do parto.

“Ao levar suas filhas para tomar a vacina, os pais vão evitar que essa criança, futuramente, adquira o HPV e venha a morrer por conta de um câncer de colo de útero, que pode ser prevenido. É uma questão de custo-benefício, saúde e garantia de uma vida com mais qualidade para essas meninas”, orientou.

FALTA DE CONHECIMENTO

Edilza Maria da Silva é uma dessas mães que estão aprendendo, na prática, como cuidar da filha doente. Ela tem 48 anos, vive em uma união estável e tem outra filha, de 30 anos. Ambas já tiveram o câncer de colo de útero. A caçula, de 28 anos, é o exemplo de que o sexo sem camisinha e falta de conhecimento do próprio corpo podem trazer consequências sérias para toda uma vida.

Tudo começou em agosto do ano passado. Viviane da Silva era uma pessoa alegre, cheia de vida e realizada ao lado da família e dos seus dois filhos. Estava trabalhando e começou a apresentar quadros de sangramento vaginal e fortes dores abdominais.

Naquele momento ela não sabia o que estava acontecendo. Ficou muito nervosa, pois jamais tinha passado por situação semelhante em nenhum momento de sua vida.
No dia seguinte, acordou bem e foi trabalhar, mas, durante o expediente pela parte da tarde, começou a sentir os mesmo sintomas que tinham ocorrido no dia anterior, e não fazia a mínima ideia do que estava passando. Os sintomas continuaram a persistir por vários dias seguidos.

Em mais um dia de crise forte, teve de ir pela primeira vez a uma emergência. Chegando lá, foi atendida, medicada e liberada; entretanto, o médico plantonista não deu nenhum diagnóstico.

Diante do quadro que se apresentava sem nenhuma melhora, infelizmente teve de recorrer às emergências por várias vezes seguidas. Mas, para sua surpresa e da médica que a atendeu no dia do seu aniversário, descobriu um tumor maligno de colo de útero associado à infecção pelo HPV. Era preciso cuidar o mais rápido possível. Com a piora do seu estado de saúde, começou a realizar tratamentos regulares com quimioterapia, radioterapia e braquiterapia, para manter a doença sob controle. Hoje ela não trabalha e mal sai de casa.

“Embora minha filha se encontre numa situação difícil, a gente não pode ter medo de enfrentar a doença, pois as chances de morrer são muito altas. Apesar de eu estar aliviada com o término do tratamento, fica a preocupação do reaparecimento do tumor. É um sentimento comum para a maioria das mulheres que tiveram câncer de colo do útero”, disse Edilza Maria.

VACINE-SE!

Em 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) lançou uma campanha nacional para imunizar meninas de 11 e 13 anos contra o HPV. A vacina aplicada no Brasil é a quadrivalente, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), com eficácia de 98%, protegendo o indivíduo dos tipos 6,11, 16 e 18 da doença.

Conforme Claudeane Nascimento, a vacina protege contra quatro subtipos do HPV, sendo que o 16 e 18 (considerados de alto risco) são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero em todo o mundo. Já os tipos 6 e 11, respondem por 90% das verrugas genitais (de baixo risco).

POR QUE SÓ ESSA FAIXA ETÁRIA?

Segundo a assessora estadual do PNI, a faixa etária dos 9 aos 13 anos foi escolhida por dois motivos. Primeiro, a vacina é mais efetiva em meninas que ainda não tiveram contato sexual e não foram expostas ao HPV. Segundo, porque é nessa idade que o sistema imunológico apresenta melhor resposta às vacinas.

Com base em pesquisas feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 28% dos jovens começam a ter contato sexual a partir dos 13 anos, então “vacinando essa faixa etária conseguimos um melhor aproveitamento dos efeitos da vacina, mas isso não quer dizer que ela perca efeito depois do início da relação sexual”. Vale ressaltar que a menina que já iniciou a vida sexual pode ter tido contato com o vírus antes de se vacinar.

De tal modo, o vírus pode estar em seu organismo, sem que haja manifestação. “Ela toma a vacina hoje e depois de um tempo o vírus pode ‘acordar’. Isso não quer dizer que a vacina não fez efeito, mas que a menina já estava infectada quando foi imunizada. Até porque – uma dose só não imuniza para que você tenha cobertura e adquira anticorpos contra a doença -, é preciso que a adolescente seja submetida a duas doses da vacina, sendo que segunda deve ser aplicada seis meses depois da primeira”, explicou, ao acrescentar que a realização do exame preventivo é fundamental, pois as vacinas não protegem contra todos os tipos de câncer de HPV.

“Todos os postos de saúde da capital e do interior já estão abastecidos com a vacina contra o HPV. Acredito que não exista saúde de qualidade sem educação, por isso estamos buscando parcerias com algumas escolas, para que um número maior de meninas sejam imunizadas”, garantiu a assessoria do PNI.

Fonte: Agência Alagoas

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