Exército confirma ingresso de filha de Bolsonaro em Colégio Militar sem processo seletivo

Decisão foi do comandante do Exército, que deferiu 'solicitação de matrícula em caráter excepcional'. Escola tem 15 vagas para 6º ano do ensino fundamental, série que Laura Bolsonaro vai frequentar no ano que vem.

Fachada do Colégio Militar de Brasília — Foto: Maricélia P. de Oliveira / Divulgação

O Exército confirmou, nesta quarta-feira (27), que permitiu o ingresso da filha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Laura Bolsonaro, no Colégio Militar de Brasília (CMB), para o ano letivo de 2022. Em agosto, o pai apresentou um pedido para que a filha frequentasse a escola sem passar por processo seletivo.

A escola permite admissão de dependentes de militares em situações específicas – transferidos de estado, designados para missão no exterior, entre outros – e do público em geral. Nesse último caso, no entanto, é obrigatório passar por processo seletivo. A mensalidade custa entre R$ 250 e R$ 278. Para o ano que vem, são 15 vagas ao 6º ano, série que Laura Bolsonaro deve frequentar.

Em nota, o Exército informou que a decisão foi do comandante da Força, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, indicado por Bolsonaro para o cargo. Segundo o texto, ele deferiu “solicitação de matrícula em caráter excepcional”.

O g1 questionou a Secretaria Especial de Comunicação Social do governo federal sobre a situação, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem. À época do pedido, Bolsonaro comentou a intenção a apoiadores. “A minha [filha] deve ir ano que vem para lá [Colégio Militar], a imprensa já tá batendo. Eu tenho direito por lei, até por questão de segurança”, disse o presidente.

O Exército afirma que o regulamento “faculta ao Comandante do Exército apreciar casos considerados especiais, ouvido o Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), conforme justificativa apresentada pelo eventual interessado”.

“O DECEx apresentou parecer favorável à solicitação de matrícula. Posteriormente, o caso foi submetido ao Gabinete do Comandante do Exército para análise. Cumpridas as etapas anteriormente descritas, o processo foi levado ao Comandante do Exército, que emitiu despacho decisório deferindo a solicitação de matrícula em caráter excepcional”, diz a nota.

Ainda de acordo com o Exército, há restrição de acesso ao processo.

Processo seletivo
De acordo com o edital do concurso de admissão para o Colégio Militar de Brasília, publicado no Diário Oficial da União em agosto deste ano, para a admissão na escola o aluno passa por três etapas:

Exame intelectual
Revisão médica
Comprovação dos requisitos biográficos (apresentação de documentação)
Todas as etapas são eliminatórias. As inscrições na unidade de ensino começaram no dia 18 de agosto e vão até 24 de setembro.

O concurso de ingresso no Colégio Militar de Brasília é realizado anualmente, exclusivamente por meio de processo seletivo para o 6° ano do ensino fundamental e para o 1° ano do ensino médio. O número de vagas é determinado a cada ano.

Segundo a unidade de ensino, são 22 mil candidatos concorrendo anualmente, entre dependentes de militares e civis.

Autorização
Essa não é a primeira vez que políticos pedem autorização especial para matrícula de filhos no Colégio Militar de Brasília. Em 2019, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) conseguiu matricular o filho na unidade de ensino sem que ele passasse pelo processo seletivo.

À época, ela divulgou vídeo, explicando que “não foi privilegiada”, mas que queria o filho em uma escola militar por ter sofrido ameaças. A parlamentar disse ainda que ele “fez os testes necessários” para ser admitido.

Fonte: G1

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