Dono de bar é indiciado por injúria racial ao questionar se estudante negra tinha raposa no cabelo, em Goiânia

Defesa de Seu Chaguinha, como é conhecido, disse que ele não teve intenção de ofender a cliente. Constrangida, a jovem pagou a conta e foi embora: 'Não vou prender o meu cabelo ou tentar me embranquecer'.

 O dono do bar “Buteko do Chaguinha”, Francisco Chagas de Almeida, em Goiânia, foi indiciado nesta sexta-feira (29) por injúria racial. Ele foi investigado pela Polícia Civil após questionar se a estudante negra Sarah Silva Ferreira tinha uma raposa no cabelo, que é usado no estilo black power.

“Ele me disse: ‘Vim conferir para ver se era gente mesmo ou uma raposa na sua cabeça”. Depois, começou a gargalhar”, relatou a jovem.

O advogado Rogério Leal, que defende Francisco Chagas no processo, disse ao g1 que o Seu Chaguinha, de 74 anos, como é conhecido, não teve intenção de ofender a estudante. “Ele é muito brincalhão. Inclusive, ele quer pedir perdão para ela por causa da brincadeira de mau gosto”, disse Leal.

Sarah Silva Ferreira diz que sofreu injúria racial em bar de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/InstagramSarah Silva Ferreira diz que sofreu injúria racial em bar de Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/Instagram

A estudante estava no bar, localizado no Setor Jardim América, com a irmã e uma amiga, quando o dono do comércio chegou à mesa, a ofendeu e começou a gargalhar, segundo Sarah. O constrangimento aconteceu em 31 de outubro do ano passado.

“Só queria ter aproveitado fora de casa uma noite com minha irmã e uma amiga que não via há anos. Eu não vou prender o meu cabelo ou tentar me embranquecer”, desabafou a estudante em rede social, à época do caso.

O delegado Manoel Borges de Oliveira ouviu a estudante, a irmã dela e a amiga, que confirmaram o comentário constrangedor. Já o Seu Chaguinha usou o direito de ficar em silêncio durante o depoimento.

“Feito isso, com as provas colhidas para inferir que, de fato, o proprietário cometeu o crime de injúria racial, fiz o indiciamento. A irmã da estudante mora no Pará e tive de pegar o depoimento dela por meio de carta precatória, o que era indispensável para a investigação”, informou o delegado.

Relato à polícia

Sarah Ferreira registrou uma ocorrência online na 7ª Delegacia de Polícia Civil de Goiânia. Segundo o documento, as ofensas foram acompanhadas de muitos risos e deboche pelo dono e por outro cliente do bar. Constrangida, a jovem pediu a conta para ir embora.

“Estranhando a rapidez do pedido, pessoas que ali laboram perguntaram se havia ocorrido algo e, ao ouvirem o relato, disseram não ser a primeira vez que uma situação dessa natureza acontecia no local”, diz trecho do boletim de ocorrência.

De acordo com o Código Penal, o crime de injúria racial é ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência. Em seu artigo 140, descreve o delito como conduta de ofender a dignidade de alguém, e prevê como pena, a reclusão de 1 a 3 anos de reclusão ou multa.

Fonte: g1

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