Comércio reabre em Porto de Galinhas; governo usa câmeras para monitorar área em que menina morreu

Governo vai usar câmeras para fazer policiamento em Porto de Galinhas — Foto: Governo de Pernambuco/Divulgação

O governo de Pernambuco anunciou neste sábado (2) que começou a utilizar câmeras de monitoramento para coordenar ações de policiamento no distrito de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no Grande Recife, onde a menina Heloysa Gabrielly, de 6 anos, foi morta com um tiro no terraço da casa da avó, durante uma ação policial.

Neste sábado (2), parte do comércio reabriu e passeios voltaram a ser feitos pelas piscinas naturais. Algumas lojas no Centro de Porto de Galinhas ainda ficaram fechadas.

Em meio ao luto, o clima de insegurança tomou conta do principal destino turístico do Litoral de Pernambuco. O comércio fechou e houve incêndio de ônibus e bloqueio de ruas e estradas. Mais de 250 policiais civis e militares foram enviados à cidade e, segundo entidades que defendem direitos humanos, um “espetáculo da barbárie” tem sido promovido nas comunidades.

Em pronunciamento divulgado à imprensa, o governo afirmou que o governador Paulo Câmara (PSB) reuniu o comando da segurança pública de Pernambuco. Ele anunciou a instalação de um centro de comando e controle avançado na Secretaria de Defesa Social de Ipojuca.

De acordo com a prefeitura de Ipojuca, a estrutura foi cedida pelo município e conta com 129 câmeras.

A reunião do governo foi realizada no Palácio do Campo das Princesas, no Centro do Recife. O edifício é a sede do Executivo estadual.

Participaram da reunião o comandante da Polícia Militar, coronel José Roberto Santana; o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Rogério Coutinho; e o chefe da Polícia Civil, delegado Nehemias Falcão.

Com o uso das câmeras, segundo o governador, será possível “dar uma resposta ainda mais rápida” a atos de violência. O secretário de Defesa Social, Humberto Freire, disse que, desde a manhã da sexta-feira (1º), não houve nenhuma ocorrência no município.

Retomada

A morte da menina Heloysa provocou a revolta da população. Segundo fontes ligadas à Polícia Civil, a principal preocupação das forças de segurança é a atuação de um grupo criminoso que controla o tráfico de drogas na região.

Por causa desse grupo, o governo de Pernambuco teria intensificado a presença da polícia nas comunidades de Salinas, em que Heloysa morreu, e em Socó e Pantanal, nas mesmas redondezas. Os moradores afirmam que, desde então, a comunidade não tem mais sossego devido à violência policial.

Na ação em que a menina morreu, segundo a PM, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) reagiu a disparos que teriam sido feitos por criminosos. Os moradores da região, no entanto, afirmam que somente a polícia atirou e que não houve confronto.

Houve três dias de intensos protestos pedindo justiça pela morte de Heloysa. O comércio fechou, os jangadeiros e bugueiros pararam de atender a turistas e vias foram bloqueadas. Algumas pessoas ficaram “ilhadas”, sem poder sair da cidade, e sem comida e hospedagem.

Porto de Galinhas está tomada por policiais após a morte da menina Heloysa — Foto: Reprodução/TV GloboPorto de Galinhas está tomada por policiais após a morte da menina Heloysa — Foto: Reprodução/TV Globo

Neste sábado (2), o comércio reabriu. A movimentação de pessoas no balneário, apesar de mais intensa, ainda não é a mesma de antes da morte de Heloysa. Logo na entrada de Porto de Galinhas, chamava a atenção os carros de polícia espalhados por toda parte.

O analista de marketing Paulo Citton e o arquiteto Arthur Schneider saíram do Rio Grande do Sul para curtir as férias em Porto de Galinhas. Eles chegaram na sexta-feira (1º) e não puderam fazer os passeios que queriam. Somente neste sábado (2) encontraram o trade turístico aberto.

“O primeiro impacto que a gente teve foi na chegada. Foi bem complicado, mas agora está tudo tranquilo, vimos que normalizou e estamos mais seguros. Conversamos com algumas pessoas daqui e isso tranquilizou bastante a gente”, disse Paulo.

No entanto, diversas lojas continuam fechadas e muitas tinham cartazes pedindo justiça pela menina de 6 anos morta numa ação policial. A comerciante Cleo Rios foi uma das que decidiram abrir as portas. Nascida no Rio de Janeiro, ela se encantou por Porto há 15 anos.

Segundo ela, a situação de violência em que se encontra o distrito a fizeram do tempo em que viveu na cidade carioca.

“Volta tudo na cabeça, a violência. [O restaurante] estaria cheio, as pessoas tomando café, mas infelizmente foi feito assim. A polícia chegou tarde e os turistas foram embora porque estavam com fome, não tinha o que comer, e está aí, tudo vazio. Hoje tem policiamento, mas não tem mais turista”, afirmou.

Fonte: G1

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