‘Angústia gerou efeito dominó’, diz gestora sobre crise de ansiedade coletiva

Ao todo, 26 estudantes foram socorridos pelo Samu na sexta (8). Aulas foram retomadas nesta segunda (11), mas nem todos os alunos voltaram, alguns por medo.

“Uma angústia que gerou efeito dominó.” Segundo a gestora da Gerência Regional de Educação Recife Norte, Neuza Pontes, teria sido essa a causa da crise coletiva de ansiedade que fez com que 26 estudantes fossem socorridos em uma escola estadual no Recife com sintomas como falta de ar, tremor e crise de choro.

O caso ocorreu na sexta-feira (8) na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Nesse dia, os 514 alunos da unidade de ensino foram liberados por causa do ocorrido.

Nesta segunda-feira (11), as aulas foram retomadas na escola, mas nem todos os estudantes voltaram. Uma adolescente de 15 anos contou que não sabe quando vai conseguir voltar à sala de aula, por medo.

Os estudantes estão em período de provas, as primeiras desde o retorno das atividades presenciais na rede estadual em meio à pandemia da Covid-19.

Na sexta-feira (8), 26 estudantes foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que enviou 16 profissionais, seis ambulâncias e duas motos para o atendimento dos alunos. Nenhum deles precisou ser transferido para hospitais.

“O Samu estava aqui e atestou que não houve outro motivo a não ser esse, uma angústia que gerou um efeito dominó, vamos assim dizer, em que um foi vendo o outro passando mal, com falta de ar, e isso foi gerando essa coletividade nesse momento”, afirmou Neuza.

Alunos de escola estadual de Recife passam mal; Samu atribui situação a crise de ansiedade

Ainda de acordo com a gestora, não há, nessa escola, um psicólogo disponível para auxiliar os alunos em momento de estresse emocional (veja vídeo acima).

“Dentro da escola, nós não temos o psicólogo. Nós temos um núcleo de apoio à educação inclusive, aos direitos humanos, e esse suporte junto aos estudantes nas emoções, mas no sentido de encaminhamento. Então, a gente faz toda orientação para a escola, para a família, de como esse aluno pode ser orientado, pode ter um acompanhamento psicológico e terapêutico fora da escola”, afirmou.

Neuza Pontes também afirmou que, desde o retorno das aulas no formato híbrido entre o presencial e o remoto, houve um trabalho de acolhimento e escuta. Segundo ela, professores, gestores, educadores de apoio e outros profissionais podem conversar com os estudantes.

“Inclusive, temos agora um componente curricular na nossa matriz que é ‘educação socioemocional’, justamente para trabalhar com esses jovens o equilíbrio dessas emoções, o autoconhecimento, a convivência, porque a escola é esse espaço da diversidade, da construção no coletivo. E é óbvio que aquilo que a gente vive lá fora também vem para dentro da escola”, declarou a gestora.

Momento da crise

O g1 conversou, nesta segunda-feira (11), com uma das alunas que passaram mal durante a crise coletiva de ansiedade. Ela afirmou que uma estudante teria passado mal e desmaiado. Outros alunos, impactados com o ocorrido, começaram a chorar. Alguns passaram mal e também desmaiaram, sendo socorridos pelo Samu. O pai de uma aluna disse que o cenário era “de filme de terror”.

Veja Mais

Deixe um comentário