Roberto Sahagoff, delegado da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre, confirmou em entrevista ao SBT RS que indiciará o lateral-direito Rafael Ramos, do Corinthians, por conta do suposto caso de injuria racial envolvendo o meio-campista Edenilson, do Internacional.
A confirmação foi realizada nesta quinta-feira (9), um dia após a delegacia receber um laudo tido como ‘inconclusivo’ sobre a perícia realizada pelo Instituto-Geral de Perícias.
O documento apontou ‘falas inconclusivas’, impossibilitando uma leitura labial exata do caso. Além disso, as autoridades não conseguiram avaliar o som ambiente. Mas, mesmo com o retorno técnico, o delegado explicou que o laudo não tem vínculo com a decisão da Polícia Civil, que vê razões suficientes para indiciar o corintiano.
“O laudo do IGP não nos vincula. Não vincula o resultado à decisão da Polícia, tanto que nós vamos concluir o inquérito entendendo que houve crime de injúria. Há indícios suficientes da prática de um crime de injúria racial”, disse o delegado.
De acordo com apuração do repórter dos canais ESPN Gustavo Berton, os indícios seriam a palavra do jogador Edenilson, o flagrante do ato ainda no estádio Beira-Rio durante e após a partida, inclusive relatado na súmula pelo árbitro do jogo, e também as diferentes versões apresentadas por Rafael Ramos, que segundo o delegado, no primeiro momento afirmou que teria dito um palavrão, depois alegou dizer outra palavra, e uma perícia particular apresentou uma terceira expressão.
Esses indícios seriam suficiente para apresentar o indiciamento a justiça, e o ministério público pode ou não oferecer pode ou não oferecer a denúncia.
Em contato ao SBT RS, Daniel Bialski, que tem realizado a defesa de Rafael, falou até mesmo em ‘abuso de autoridade’ e voltou a destacar que o lateral-direito tem se defendido incessantemente sobre o caso, reiterando não ter dito a palavra ‘macaco’ ao atleta do Internacional.
“A defesa desconhece esta informação, até porque, diante da inexistência absoluta de comprovação de que houve qualquer ato de racismo ou injúria racial, seria até abuso de autoridade da parte do delegado proceder a qualquer tipo de indiciamento”.
“Os laudos apresentados pela defesa, assim como o laudo oficial, evidenciam que em momento algum há qualquer tipo de prova concreta, absoluta, que possa infirmar a negativa do Rafael; que a todo momento nega que tenha feito qualquer tipo de prática criminosa. Aliás, os laudos da defesa são taxativos em dizer que em momento algum ele falou aquilo, e que a frase dita foi outra”, finalizou.
A reportagem da ESPN entrou em contato com Ana Luiza Caruso, responsável pela 2ª Delegacia de Polícia Civil de Porto Alegre, na última quarta-feira (8) que confirmou que o caso será enviado ao judiciário e então será decidido se será solicitada uma nova perícia para análise técnica da possível injúria ou se o caso será arquivado.
Caso no STJD e diferenças entre Justiça Comum e Justiça Desportiva
Conforme antecipado na última segunda-feira (6) pelo ESPN.com.br, após o depoimento de Edenilson na sede da Federação Paulista de Futebol, o STJD concedeu a Corinthians e Internacional que ambos reúnam todas as provas cabíveis e necessárias até o dia 20 de junho.
Em contato por telefone com o ESPN.com.br nesta quarta-feira, o Dr. Paulo Feuz, auditor do pleno do STJD, confirmou que o Corinthians poderá utilizar a perícia divulgada pelo Instituto-Geral de Perícias como uma das provas que defendem Rafael Ramos neste caso.
O auditor explicou ainda que os processos da Justiça Desportiva e Justiça Comum não se cruzam. Muito por conta disso, o estudo revelado nesta quarta-feira terá pouco impacto na decisão do pleno, uma vez que o próprio STJD fará uma perícia própria do caso. À ESPN, Paulo Feuz disse que a entidade ainda está estudando onde fazer a análise e que deverá ter uma novidade nos próximos dias.
O inquérito terá como data limite o final deste mês de junho, mas pode se estender caso a perícia demore.
