Musa do ‘Caldeirão’ usou WhatsApp para fazer alerta de que não estava bem pouco antes de morrer

Passista de 40 anos foi encontrada morta na noite de segunda-feira (7), em Santos, no litoral de São Paulo.

Em print de conversa publicado por amiga, Michelle havia falado sobre labirintite que estava sentindo — Foto: Reprodução/Facebook

A passista Michelle Mibow, encontrada morta pelo noivo dentro de casa, na última segunda-feira (7), enviou mensagens para uma amiga, pouco antes de morrer, revelando que não estava se sentindo bem. Michelle, de 40 anos, era destaque de várias escolas do carnaval paulista e, também, foi finalista de um concurso de musas do ‘Caldeirão do Huck’.

As informações foram confirmadas ao g1, nesta quarta-feira (9), pelo irmão de Michelle, o assistente de transporte Felipe da Costa Chaga, de 44 anos. Segundo ele, a passista foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico. Chaga conta que, há quatro meses, Michelle convivia com sintomas de labirintite e enjoos frequentes.

“A minha irmã estava com sintomas de labirintite e com muitos enjoos. Nos últimos meses, ela estava tentando entender os sintomas que estava sentindo e passou por uma série de exames. Mesmo assim, a Michelle ainda não estava com um diagnóstico fechado”, afirma Chaga.

Uma amiga da passista publicou em uma rede social um print de uma conversa que teve com ela pouco antes do AVC. Na mensagem, Michelle afirmou que estava ‘quietinha’ porque estava ‘dodói’ com ‘uma labirintite gigante'”.

Segundo apurado pela reportagem, o noivo dela, Sergio Vieira, que é bombeiro, chegou na casa deles e encontrou Michelle caída no chão. Ele ainda tentou reanimá-la, mas a tentativa não teve êxito, e a passista acabou morrendo.

Ao g1, Sérgio disse ter ficado comovido com o apoio que vem recebendo de amigos, familiares e, também, de toda comunidade do carnaval. “A Michelle será sempre o amor da minha vida. Ela merece todas essas homenagens que está recebendo. Ela trouxe o sorriso para a minha vida. Eu amo muito a Michelle e vou amar para sempre”, desabafou.

Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Ao g1, o neurocirurgião João Luís Cabral Júnior explicou que o AVC isquêmico é a falta de circulação de sangue no cérebro. “Quando que para de chegar sangue em algum segmento no cérebro? Quando tem alguma obstrução de algum vaso por uma trombose, algum coágulo que desprende de algum lugar, como se fosse uma embolia”.

Já o AVC hemorrágico é quando um vaso, veias ou artérias se rompem. “Podem se romper por um pico hipertensivo ou por uma fragilidade da parede vascular, aí rompe e faz a hemorragia no parênquima cerebral”.

“Então o AVC isquêmico é a falta de sangue e o AVC hemorrágico é a ruptura de um vaso que causa a hemorragia”, disse.

Segundo o neurologista, o AVC isquêmico pode começar causando sintomas como tonturas, de alteração na coordenação motora e diminuição da força em algum dos lados do corpo. Já o AVC hemorrágico é mais agudo e quando há a hemorragia, o paciente desmaia, convulsiona e pode entrar em coma.

Para o especialista, 40 anos é uma idade frequente para AVC isquêmico. “É uma idade que, geralmente, a mulher que usa anticoncepcional, fumante, alguns costumes como álcool, faz com que ocorra uma fragilidade vascular e o vaso pode ocluir, pode obstruir causando uma isquemia”.

Na faixa etária de Michelle, o neurologista afirmou que é mais frequente a ocorrência de AVC isquêmico por trombose venosa. “Um fato interessante que estamos aprendendo de um ano para cá é que aumentaram o número dos AVC’s isquêmicos, mais em mulheres do que homens, e coincidentemente após a Covid-19”.

AVC: causas, riscos e prevenção
O velório de Michelle Mibow ocorreu na terça-feira (8), a partir das 17h, na Santa Casa de Santos. O sepultamento será na quarta-feira (9), às 8h, no Cemitério Areia Branca. As cerimônias serão abertas para amigos, familiares e também para os fãs do trabalho de Michelle.

Homenagens
Na madrugada desta terça-feira (8), representantes das escolas de samba de Santos fizeram homenagens a Michelle nas redes sociais.

A Escola Unidos dos Morros agradeceu a madrinha da bateria pelo amor a escola. “Nosso sinceros sentimentos a família e amigos. Michele obrigado por sempre representar maravilhosamente o nosso Pavilhão seja como rainha, madrinha, coreógrafa, atêlie, barracão e em diversos segmentos da nossa agremiação. Você realmente aprendeu a amar a Unidos dos Morros como a comunidade que te ama”.

O presidente da União Imperial, Duilio de Paula, disse que Michelle teve uma linda passagem pela verde e rosa. “É com imenso pesar recebemos essa notícia. Michelle começou ainda jovem na União Imperial. Deixará uma lacuna impreenchível. Estamos serenos nesse momento tão difícil”, disse ele.

Michelle foi destacada também nas homenagens da Liga das Escolas de Samba de Santos pelo presidente Fábio Przygoda. “Foi com tristeza que recebemos a notícia da passagem da sambista de trajetória marcante como passista, rainha de bateria, coreógrafa e Rainha do Carnaval em nossa região. Seu talento, dedicação e amor ao samba certamente inspiram novas gerações”, finaliza.

Carreira
Michelle era bailarina e coreógrafa. Durante a carreira no Carnaval Santista, foi rainha da bateria da Escola de Samba União Imperial e da Unidos dos Morros. Atualmente, era a madrinha da bateria Chapa Quente. A passista ainda foi coroada como Rainha do carnaval santista 2007 e Rainha do carnaval de São Vicente, em 2017.

Na capital paulista, Michelle também foi destaque do samba. Ela recebeu o título de Princesa da Escola de Samba Vila Maria e foi Musa da Águia de Ouro, duas das mais tradicionais agremiações do carnaval de São Paulo.

Um dos pontos altos da carreira da passista foi em 2013, quando ela chegou a ser finalista do Musa do Caldeirão do Huck, da Globo. Em 2019, ela recebeu o prêmio ‘Estandarte Santista’, com cerca de 252.592 votos. O prêmio tem o apoio da Tv Tribuna, afiliada da Globo e do g1 Santos e tem a finalidade de valorizar ainda mais os destaques do carnaval de Santos.

Fonte: g1

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