Assim que desembarcou no Aeroporto Zumbi dos Palmares, em Maceió, na manhã desta quarta-feira (1º), o professor Diego de Oliveira Souza e a família foram recepcionados por uma equipe da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e levados para o Gabinete da Reitoria, onde já estavam aguardando o reitor e a equipe convocada para acompanhar a situação da deportação.
Diego Souza é graduado em Enfermagem pela Ufal, tem mestrado e doutorado em Serviço Social, pesquisador bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), professor do Campus Arapiraca e já ocupou cargos de gestão na Universidade, como a gerência da Coordenadoria Institucional de Educação a Distância (Cied).
Diego relatou detalhes da situação dramática sofrida por ele e a família ao chegar no México, no sábado, 28 de janeiro, para apresentar resultados de uma pesquisa sobre os riscos vivenciados por profissionais da Enfermagem em Alagoas, durante a pandemia de Covid-19. O curso seria ministrado a convite da Universidade Autônoma da Cidade do México, a partir de 9 de fevereiro.
O professor contou ao reitor que, por estar de férias, não viu necessidade de solicitar o afastamento da Ufal. “Na verdade, eu iria fazer esse procedimento na segunda etapa deste curso. Mas, desta vez, tanto eu como a professora Ana Paula, que também participa da pesquisa, abrimos mão das nossas férias, providenciamos os vistos e outras exigências burocráticas, para vivenciar essa experiência profissional e pessoal”, explicou Diego.
Os professores, tanto Diego como a professora Ana Paula Magalhães, também do Campus Arapiraca, estavam acompanhados das respectivas famílias. A professora foi admitida no México sem problemas, mas o professor Diego, por algum motivo que não ficou claro, não teve a oportunidade de apresentar para as autoridades migratórias toda a documentação que comprovava o convite feito pela Universidade mexicana.
O que mais angustiou o professor foi o fato de ter sido separado da família: a esposa, os filhos pequenos e a sogra, e ter ficado incomunicável por mais de doze horas. “Eu não sabia o que estava acontecendo e nem como pedir ajuda. Sempre admirei muito a cultura mexicana e continuo tendo um grande apreço. A contracapa do meu livro é uma ilustração de Frida Kahlo. Mas, apesar disso, não sei se conseguirei desembarcar num aeroporto mexicano novamente”, lamentou o professor.
Acompanhamento da Ufal
Estavam na reunião, convocados pelo reitor Josealdo Tonholo, o Assessor de Relações Internacionais, Niraldo Barbosa; o pró-reitor de Extensão, Cézar Nonato; a diretora da Escola de Enfermagem da Ufal, professora Maria Cicera dos Santos de Albuquerque; e a equipe de advogados que assessora o gabinete. “Estamos todos à disposição para as providências jurídicas, acadêmicas e psicológicas que forem necessárias para mitigar as consequências desta profunda injustiça das autoridades mexicanas contra um pesquisador brasileiro”, declarou o reitor.
A Ufal acompanhou todo o processo desde sábado, quando a instituição foi comunicada da deportação. “Procuramos imediatamente as informações e tomamos as providências mais urgentes para salvaguardar o professor e a família. Não é a primeira vez que pesquisadores da Ufal sofrem problemas na migração dos aeroportos, mas nunca foi uma situação tão grave. Lamentamos o ocorrido e criticamos o que parece ser uma atitude xenofóbica por parte das autoridades migratórias do México”, denunciou o reitor.
A professora Ana Paula, que conseguiu entrar no México, está sendo acompanhada pela Universidade mexicana. “Ela também está muito abalada com tudo o que aconteceu e insegura de permanecer no México. Eu consegui conversar com ela assim que soubemos da deportação e desde então estamos fazendo contatos permanentes para garantir que ela fique tranquila e conte com o suporte da Universidade”, garantiu o reitor.