A economia brasileira registrou crescimento em 2022, apesar de já indicar sinais de desaceleração no fim do ano. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), subiu 2,9% no período, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira (dia 2). Em 2021, o PIB havia avançado 5%.
No quarto trimestre de 2022, o PIB recuou 0,2%, refletindo a perda de fôlego da atividade econômica já vista no terceiro trimestre do ano passado, quando o indicador subiu 0,3%.
Pesquisa da Reuters com economistas indicava retração de 0,2% no trimestre e alta de 2,2% no ano.
O aperto da política monetária realizada pelo Banco Central (BC) já provoca efeitos negativos sobre a atividade, que devem se intensificar à frente. Com juros altos, o crédito fica mais caro, inibindo consumo e investimentos.
Em 2022, o avanço da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,2%) e na indústria (1,6%), que juntos representam cerca de 90% do PIB. Por outro lado, a agropecuária recuou 1,7% em 2022, devido ao forte recuo na produção de soja.
O setor de serviços foi beneficiado pelo efeito da reabertura da economia após a pandemia da Covid-19. Medidas de estímulos por parte do governo, como a liberação de saques do FGTS e o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600, que visavam a ampliar a popularidade do então presidente Jair Bolsonaro, também contribuíram para sustentar o consumo e impulsionar o setor
Na indústria, o maior destaque foi a atividade eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que teve salto de 10,1% no ano, um reflexo da crise hídrica de 2021, quando muitas térmicas tiveram que ser acionadas. A energia de térmicas é mais cara que a de hidrelétricas.
“Além do crescimento da economia, houve o desligamento das térmicas, diminuindo os custos de produção, o que contribui para o aumento da atividade”, analisa Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Ela lembra ainda que as bandeiras tarifárias foram mais favoráveis em 2022, ajudando no aumento do consumo.
Além disso, a atividade de construção, com alta de 6,9%, também ajudou na expansão da indústria, algo que costuma acontecer em ano eleitoral, quando há maior quantidade de obras públicas. No quarto trimestre, porém, ela caiu 0,7%.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias mostrou força e avançou 4,3% em relação ao ano anterior. Além da ampliação de programadas sociais e injeção de recursos na economia com FGTS, o crescimento está relacionado também à melhora no mercado de trabalho.
A expectativa para 2023, no entanto, é de freio no consumo. No quarto trimestre, ele já demonstra desaceleração, com alta de apenas 0,3%, ante expansão de 1% nos três meses anteriores.