A polícia apreendeu, em Manaus, dois influenciadores e uma servidora pública investigados por fraudes milionárias na venda de rifas falsas pelas redes sociais.
O influenciador digital João Lucas Da Silva Alves, conhecido como Lucas Picolé. No vídeo, gravado em abril, ele compra 20 motos 0 km para sortear, depois de vender rifas pelas redes sociais.
Em maio, o ganhador do sorteio levou 10 motos de uma vez só. Mas, segundo a polícia, tudo não passou de uma fraude. As investigações apontaram que o suposto vencedor da rifa, identificado como Talison de Sousa, comprou as motos 15 dias antes do sorteio e o dinheiro teria sido dividido entre ele e Lucas Picolé.
Talison não quis falar com a equipe do Jornal Nacional.
“As motocicletas já se encontravam em nome dessa pessoa que figurou como ganhador antes do sorteio ter sido realizado. E isso é um forte indício de que há um esquema fraudulento, inclusive no resultado, na manipulação dos resultados desses sorteios”, explicou o delegado Cícero Túlio.
A Polícia Civil do Amazonas investiga, além de Lucas Picolé, outros influenciadores digitais por vender rifas ilegais em redes sociais. Eram oferecidos carros de luxo, motos e dinheiro em espécie aos ganhadores. Segundo a polícia, apenas os prêmios de valor baixo eram entregues.
Os suspeitos ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais.
“No Brasil, somente se possibilita a atuação de rifas de forma filantrópica, sem cunho, a fim de obter recursos financeiros. Fora isso, para que haja a veiculação de rifas, deve haver por parte da pessoa que quer operar esse sistema, uma autorização do Ministério da Economia para que haja alguma forma de fiscalização e auditoria sobre o resultado dessas premiações”, disse o delegado.
A Justiça determinou o sequestro dos bens de Lucas Picolé e dos influenciadores Enzo Felipe da Silva, o Mano Queixo, e Isabelly Aurora. As redes sociais deles também foram suspensas. Segundo as investigações, em um ano, eles movimentaram cerca de R$ 5 milhões.
Numa operação, a polícia apreendeu carros importados, celulares e material usado para promover as rifas ilegais. Também encontraram drogas sintéticas e munição para fuzil.
A Justiça decretou a prisão preventiva de Lucas e Enzo por colocar em risco a ordem pública.
Segundo a polícia, Lucas Picolé é dono de uma loja especializada em vender roupas e artigos de marcas de grifes famosas. Mas o que os investigadores apuraram que todos os produtos vendidos são falsificados.
Segundo a polícia, o dinheiro das vendas caía direto na conta da cunhada de Lucas, Flávia Matos da Silva, suspeita de atuar na lavagem de dinheiro e funcionária da prefeitura de Manaus. Ela foi presa por receptação de produtos falsificados e solta na audiência de custódia.
“As investigações vão dar continuidade, existem diversos outros alvos que já se encontram sendo monitorados pela Polícia Civil e o objetivo é justamente chegar na plataforma utilizada por esses influencers para arrecadar esse dinheiro que é ilícito, decorrente da prática criminosa dessas rifas clandestinas”, afirmou o delegado Cícero Túlio.
A defesa de Isabelly Aurora disse que ela sempre esteve à disposição das autoridades e tem cooperado com as investigações. O advogado que representa João Lucas, Enzo Felipe e Flávia Matos declarou que acredita no Judiciário e que todos os fatos vão ser esclarecidos. A prefeitura de Manaus exonerou a servidora e disse que não tinha conhecimento sobre as atividades dela.