Marta ficou sem jogar por quase um ano devido a lesão, ela falou sobre os desafios de sua recuperação, antes de sua sexta Copa do Mundo.
Em entrevista à FIFA, a Rainha se emociona ao lembrar da lesão mais grave de sua carreira, mas vibra com seu retorno para viver mais grandes momentos no Mundial.
O esforço era físico e emocional. Marta, 37, trabalhou bastante duro para se recuperar de uma lesão ligamentar no joelho, em março do ano passado. Foi a lesão mais grave de sua carreira, e ela temia ficar fora da Copa.
Ao mesmo tempo, a Rainha procurava combater qualquer ameaça de frustração por ficar quase um ano sem poder jogar bola.
Neste caso, sua preocupação não se limitava aos seus próprios sentimentos. Ela também não queria deixar transparecer qualquer sensação negativa no dia a dia de seu clube, o Orlando Pride. É como se, em toda a sua majestade, ela não pudesse deixar o sorriso escapar do rosto.
“Foi bastante difícil. Eu ouvia os comentários das pessoas, de que não sou mais uma menina de 20 anos. ‘Será que vai voltar a jogar? Será que vai voltar bem?’ É lógico que foi um dos mais desafios difíceis porque nunca fiquei tanto tempo sem poder fazer o que mais amo”, conta.
A fala vem em um momento em que Marta se emociona diante das câmeras da FIFA, numa entrevista gravada em Orlando, semanas antes de se apresentar à Seleção para jogar a sexta Copa do Mundo Feminina de sua carreira. Foi difícil, sim, mas ela chegou à Austrália, pronta para oferecer talento e sua liderança a uma renovada equipe.
Essa longa conversa foi publicada em quatro capítulos no FIFA+, numa série em que a eterna camisa 10 exibe seu carisma e a personalidade elétrica, que foi também marca registrada de sua carreira, para além dos golaços e dos lances de efeito. Ela fala sobre as expectativas para a Seleção, revisita episódios marcantes de sua jornada, ri, chora e agita suas companheiras.
“Eu tenho o privilégio de chegar na idade que tô e ainda estar jogando. Isso é gratificante demais. Mas lógico que tinha meus momentos de chegar em casa e estar um pouco cabisbaixa. Só não queria passar uma imagem negativa porque isso não sou eu. Choro pra caramba na câmera, mas porque eu lembro das coisas bacanas que a vida vem me proporcionando. É inevitável.”
A FIFA também foi para campo “treinar” com a Rainha e testemunhou de perto o quanto ela se preocupa em animar sua equipe. Ela tem 37 anos, mas poderia ser facilmente confundida com as mais jovens do elenco, de tanta energia que traz para cada sessão.
O último capítulo
Na conversa com Marta, houve tempo para a camisa 10 da Seleção revisitar sua história. Grandes jogos, golaços inesquecíveis, as memórias favoritas da jogadora que é a maior artilheira da história das Copas do Mundo, com 17 gols em cinco edições do torneio.
“Obvio que eu tenho uma felicidade muito grande de saber que sou recordista. Mas isso representa a nação brasileira. Isso não representa só a Marta, mas todas nós. Pra mim é uma honra muito grande poder ser a detentora desse recorde. E quem sabe fazer um pouco mais”, comenta.
Outro momento que ficou para a história da jogadora, dessa vez sem a bola nos pés, foi sua fala após a dura eliminação contra a França nas oitavas de final do Mundial de 2019. Em tom de desabafo, pedindo uma mudança de mentalidade na condução e atuação do futebol feminino brasileiro.
Ela se emociona mais uma vez, mas pensa na Seleção atual e reconhece uma mudança. “A mentalidade mudou. As pessoas estão vendo que as meninas querem aquele algo a mais. Estão fazendo isso no dia a dia. Acho quem vem muito também da nossa comissão. A Pia cobra muito. Uma pessoa que procura de todas as maneiras melhorar.”
Quatro anos se passaram, e Marta está de volta à Copa do Mundo Feminina da FIFA. É o que mais importa, e talvez seja a última dança para ela nesse palco.
“Às vezes antes de dormir, com olho fechado, a gente pensa… ‘E se a gente chegar à final, e e acontecer isso e isso?’ Seria maravilhoso”, afirma.
“A Copa do Mundo perfeita pro Brasil seria vencer. Chegar na final e, dessa vez, ganhar. É muito complicado pensar em outro cenário. Pra mim, particularmente, tem que ser agora. Se não for agora não vai ser de outra vez com a Marta atleta jogadora. Ou tentando jogar, mas pelo menos estando lá com a equipe como atleta. É agora ou nunca.”
Tabela do Brasil na fase de grupos
Brasil x Panamá – 24 de julho, em Adelaide, às 8h de Brasília
França x Brasil – 29 de julho, em Brisbane, às 7h de Brasília
Brasil x Jamaica – 2 de agosto, em Melbourne, às 7h de Brasília