Atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, lançaram nesta terça-feira (26) a campanha “Revida Mariana”, que reivindica a reparação integral dos danos causados pela tragédia.
O dia de atos e mobilizações começou uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
No encontro, os atingidos também cobraram maior participação popular nas discussões sobre o novo acordo de reparação, que estava previsto para 2021 e ainda não foi assinado.
“Os governos e as instituições estão discutindo um mega acordo, um acordo bilionário, sobre o futuro da vida na bacia do Rio Doce sem a participação dos atingidos”, afirmou Thiago Alves, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
📌No ano passado, a Samarco e suas acionistas, Vale e BHP, chegaram a oferecer R$ 112 bilhões para a repactuação, mas o governo de Minas Gerais discordou da forma de pagamento proposta pelas mineradoras, e o acordo não foi fechado.
📌A discussão sobre a reparação dos danos continua quase oito anos após a tragédia, ocorrida em 5 de novembro de 2015.
📌O rompimento da barragem de Fundão deixou 19 pessoas mortas, destruiu comunidades e contaminou o Rio Doce.
📌Ainda hoje, os reassentamentos não foram concluídos, e pessoas atingidas ainda esperam ser indenizadas.
“Eu moro na calha do Rio Doce e, até hoje, a empresa não quer nos reconhecer como atingidos. […] O dinheiro que ela deu foi tanto, tanto, que nós quase estamos passando fome”, disse o pescador Jorge Gremelich.
Nesta terça-feira, os atingidos ainda esperam se reunir com representantes das instituições de Justiça.
Respostas
Em nota, a Fundação Renova, criada para a reparação dos danos, afirmou que, dos cerca de 240 imóveis previstos para o novo Bento Rodrigues, aproximadamente 160 estão prontos. Em Paracatu, quase 70 de um total de 90 estão concluídos.
A Renova disse que, até julho, mais de 429,8 mil pessoas receberam indenizações e que “ações integradas de restauração florestal, recuperação de nascentes e saneamento estão acontecendo ao longo da bacia do rio Doce”.
A Samarco afirmou que a empresa e suas acionistas “reforçam o compromisso com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão”.
O g1 questionou o governo de Minas e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mediador do novo acordo de reparação, sobre a reivindicação dos atingidos de maior participação popular e aguarda retorno.