Falso embaixador da ONU que forjou o próprio sequestro para fugir de casamento é condenado à prisão por estelionato

Marcelo Henrique Morato Castilho foi condenado pela Justiça de São José do Rio Preto (SP) a três anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, além de indenizar a vítima em R$ 60 mil. Decisão cabe recurso; advogado não foi localizado pelo g1.

A Justiça de São José do Rio Preto (SP) condenou a 3 anos e 6 meses de prisão por estelionato o advogado Marcelo Henrique Morato Castilho. Ele fingia ocupar cargos de alto escalão para aplicar golpes do casamento em mulheres e chegou a simular o próprio sequestro para fugir da cerimônia.

Heloísa Casonato/g1/Arquivo

Marcelo Henrique Morato Castilho foi condenado à prisão por estelionato

Segundo a sentença, ele ostentava estilo de vida luxuoso e enganou pelo menos seis mulheres com o mesmo “modus operandi”. Marcelo se apresentava como embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU), ex-magistrado do Rio de Janeiro, diplomata e até lorde inglês.

Marcelo passou a ser investigado depois que aplicou o golpe em uma médica que conhecia desde a infância. Eles perderam o contato, mas se reaproximaram em uma missa, em março de 2017.

Após um mês, o advogado pediu a médica em namoro. Depois de poucos dias, eles noivaram e marcaram o casamento para 6 de setembro de 2018.

Consta no documento que, neste período, o réu induziu a vítima a fazer despesas com flores para a cerimônia, igreja, vestido, fotos e convites. À médica, ele afirmava que não conseguia fazer os pagamentos porque recebia o salário por meio de um banco dos Estados Unidos.

Porém, Marcelo desapareceu dois dias antes da cerimônia e forjou o próprio sequestro. Na ocasião, a vítima recebeu uma foto dele amarrado e ajoelhado. Depois, a mulher não conseguiu entrar em contato com o advogado e denunciou o golpe.

Foto que ele mandou para a noiva forjando o próprio sequestro em Rio Preto — Foto: Polícia Civil/Divulgação/ArquivoFoto que ele mandou para a noiva forjando o próprio sequestro em Rio Preto — Foto: Polícia Civil/Divulgação/Arquivo

“Mas o fato é que não há qualquer dúvida sobre a veracidade da simulação do sequestro como forma de escapar ao casamento, assim como anteriormente já havia forjado um AVC […] e o coma no exterior”, diz um trecho do documento.

Quando processou o advogado, a médica descobriu que ele era casado com outra mulher, que também é considerada vítima.

No decorrer do processo, quando interrogado pela Justiça, Marcelo negou as acusações. Afirmou que a vítima fez despesas pessoais ao casamento, como cabelo, vestido e salão por escolha dela, além de dizer que, “por questão de foro íntimo, decidiu não se casar e comunicou a vítima sua desistência, o que é seu direito.”

“O que se vê dos autos é que o réu apresenta personalidade manipuladora e inventiva, e demonstra conduta de mentiroso patológico. Suas invenções e ardis não encontram limites, sequer na lógica”, escreveu a juíza Gláucia Véspoli de Oliveira, da 5ª Vara Criminal.

Para a juíza, a conduta de Marcelo demonstra isso, pois sempre foi respeitoso, contido nas ações e palavras. Assim, “tenta inverter circunstâncias, deturpar situações e negar fatos de obviedade cristalina, que poderia ludibriar vítimas mais desavisadas, o que de fato aconteceu”.

Portanto, Marcelo Henrique Morato Castilho foi condenado a três anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, além de indenizar a vítima em R$ 60 mil pelos prejuízos sofridos. A decisão cabe recurso.

“O réu utilizou-se de sequência de mentiras digna de enredo de filme, enganando a vítima desde o primeiro reencontro visando claramente engana-la der forma vil e cruel utilizando-se dos sentimentos da vítima pelo personagem criado pelo réu”, escreveu a juíza.

“Os motivos do crime são os mais egoísticos. Egocentrismo, narcisismo, machismo, prazer em enganar ou sadismo em relação ao sofrimento alheio são alguns traços possíveis de se notar na conduta, em vista da posição de superioridade em que o réu se colocava em relação as vítimas, diminuindo suas profissões, classes sociais ou grau de instrução. As consequências do crime são nefastas.”

Por telefone, o g1 tentou entrar em contato com Marcelo, mas ele não foi localizado.

Fonte: g1

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