Ministério dos Direitos Humanos ‘está de pé’, diz Macaé em cerimônia de posse 18 dias após nomeação

Deputada estadual por Minas Gerais assumiu a vaga de Silvio Almeida, demitido após denúncias de assédio sexual. Ex-ministro nega as acusações.

A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, afirmou nesta sexta-feira (27) que a pasta que chefia “está de pé” e precisa levar à população o “real sentido” dos direitos humanos, que não pode ser distorcido e propagado como uma “proteção a bandidos”.

: Reprodução/CanalGov

Nova ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo

Macaé deu as declarações durante cerimônia, no Palácio do Planalto, de posse no cargo de ministra. O evento, promovido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a presença da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), ocorreu 18 dias após a nomeação de Macaé.

Ela substituiu o jurista Silvio Almeida, demitido após se tornarem públicas denúncias de assédio sexual. Anielle Franco teria sido uma das vítimas. Almeida nega as acusações.

Além de Anielle Franco, que se emocionou na cerimônia, a escritora Conceição Evaristo, de quem a nova ministra é prima, também marcou presença no evento.

“Para quem diz que este ministério tem desafios demais, eu respondo com Guimarães Rosa: “Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!” O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania está de pé, está vivo. Temos tarefas concretas e muita coisa por fazer”, declarou Macaé Evaristo.

 

Anielle Franco chora na posse de Macaé Evaristo como ministra dos Direitos Humanos. Titular da Igualdade Racial teria sido vítima de assédio sexual do ex-ministro Silvio Almeida — Foto: Reprodução/Canal GovAnielle Franco chora na posse de Macaé Evaristo como ministra dos Direitos Humanos. Titular da Igualdade Racial teria sido vítima de assédio sexual do ex-ministro Silvio Almeida — Foto: Reprodução/Canal Gov

Após demitir Almeida, Lula anunciou em 9 de setembro a escolha da nova ministra , deputada estadual em Minas Gerais e filiada ao PT.

Macaé, na ocasião, afirmou que as denúncias de assédio na pasta devem ser investigadas com rigor e com o “amplo direito de defesa”. Ela também defendeu respeito à privacidade das denunciantes.

Em três semanas no Ministério dos Direitos Humanos, Macaé trocou parte da equipe que estava na pasta e acompanhou Lula em viagens.

Desafio

Durante o discurso desta sexta, Macaé afirmou acreditar ser a “vocação do ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania cuidar da diversidade do país.”

Reforçou o impacto dos direitos humanos materializado na vida das pessoas comuns e citou sua trajetória.

“Tomo posse como ministra sabendo que minha maior credencial é ser uma professora absolutamente comum, mulher preta, professora, assistente social”, mencionou a nova ministra.

“Infelizmente, na nossa sociedade brasileira, muita gente tem concepção que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. A gente tem um desafio fundamental para construir a ação destes ministérios. A gente precisa entender tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos”, prosseguiu Macaé.

Macaé também ressaltou haver uma “nova investida do capital” que aposta na segregação social, racial e ambiental para “legitimar a opressão e extermínio de milhões de pessoas” como ela própria.

Outro ponto destacado pela nova ministra foi a família. Nesse contexto, ela destacou a necessidade de moradia e de crianças estarem na escola, mas também ressaltou a capacidade empreendedora da favela e de financiamentos públicos para negócios.

“Cuidar dessas mulheres, dessas famílias, é uma tarefa fundamental”, emendou.

A nova ministra

A deputada estadual pelo PT de Minas, Macaé Evaristo, é a nova ministra de Direitos Humanos e Cidadania

Macaé está licenciada do cargo de deputada estadual pelo PT em Minas Gerais. Ela foi eleita em 2022 com mais de 50 mil votos. Antes, foi vereadora de Belo Horizonte.

Professora, graduada em serviço social, mestre e doutoranda em educação, Macaé foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária municipal (2005 a 2012) em Belo Horizonte e estadual (2015 a 2018) de Educação.

Macaé responde a um processo por improbidade administrativa na Justiça de Minas Gerais, em razão da suspeita de superfaturamento na compra de uniformes escolares quando era secretária em Belo Horizonte. Ela nega as acusações.

Macaé também no governo federal durante o governo de Dilma Rousseff. Em 2013 e 2014, foi titular da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC).

Ao longo de sua carreira política e profissional, coordenou programas como a implantação de Escolas Indígenas, a Escola Integral em Minas Gerais, a Escola Integrada em BH e as cotas para ingresso de estudantes de escolas públicas, negros e indígenas no ensino superior, quando esteve no MEC.

Fonte: g1

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