Justiça arquiva caso de jovem que morreu após relação sexual com ex-jogador do Corinthians

Ministério Público de São Paulo apontou que Dimas Cândido, ex-jogador da categoria sub-20, não teve intenção alguma em causar a morte de Livia Gabriele e promoveu arquivamento do inquérito policial.

Reprodução/Facebook

Livia Gabriele da Silva Matos tinha 19 anos

A Justiça de São Paulo determinou o arquivamento do inquérito policial referente à morte da jovem Livia Gabriele, que morreu após ter relação sexual com Dimas Cândido, ex- jogador da categoria sub-20 do Corinthians.

A decisão vem depois de um pedido do Ministério Público, que concluiu não haver indícios de que Dimas teve intenção de lesionar a vítima.
“Não há evidências de ação dolosa na forma direta, por parte de Dimas. […] Os elementos dos autos não demonstram que Dimas tenha, mediante sua conduta, assumido o risco da morte de Lívia”, apontou Leonardo Dantas Costa, da Promotoria de Justiça do Júri da Capital.

O promotor destacou que, após o mal súbito da jovem, o atleta “acionou o socorro e, desde o início do atendimento, colaborou com os socorristas, seguindo especificamente as instruções” dadas pela médica, inclusive realizando massagem cardíaca.

“Portanto, concluídas as investigações, tendo sido realizadas múltiplas e extensas diligências, colhidos percucientes elementos de informação, não há evidências que permitam concluir pela existência de crime doloso contra a vida de Lívia”, completou.

O caso
Laudos oficiais indicam que não houve violência durante o encontro e que Dimas e Livia não usaram drogas nem bebida alcoólica.

Não há imagens do que aconteceu dentro do apartamento. À polícia, o jogador disse o seguinte:

Que tiveram relação sexual com uso de camisinha;
Depois descansaram, conversaram e foram ter uma segunda relação;
De repente, Livia não respondia mais e percebeu que ela tinha desmaiado;
E que na hora, ligou para o Samu;
Ele contou que o atendente o orientou a colocá-la de barriga pra cima e massagear o peito até a chegada da ambulância;
E que, nesse momento, notou que Lívia apresentava um sangramento nas partes íntimas.
O Fantástico teve aos laudos oficiais, da conclusão da Polícia Científica do Estado.

Os peritos não encontraram drogas nem bebida alcoólica no sangue de Livia. E não havia esperma no corpo dela, o que confirma o uso de camisinha. A jovem também não apresentava fraturas nem sinais letais de violência.

O Fantástico pediu a dois especialistas que explicassem as informações que constam dos laudos, já que há muitos termos técnicos.

“A causa na morte foi na verdade uma hemorragia aguda importante com um choque hemorrágico”, diz Jairo Iavelberg, médico ginecologista e obstetra.
“Ela teve um sangramento, uma hemorragia, tanto da parte interna, tanto da parte externa”, destaca Fabiene Vale, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

O laudo diz que a ruptura, o machucado, chegou a cinco centímetros de extensão.

“Muitas vezes isso pode acontecer sem muita dor e provavelmente só teve início a queixa com sintomas já de choque. Tontura, taquicardia, perda de consciência”, completa Jairo Iavelberg.

Segundo os peritos, a lesão foi causada por um objeto contundente, sem especificar qual seria. Os especialistas ouvidos pelo Fantástico opinaram:

“Especificamente o pênis contra o fundo de saco vaginal”, pondera o médico Jairo Iavelberg.
“O pênis pode ter levado a essa lesão. O caso dela foi uma fatalidade, aparentemente pelo que tá aparecendo, pela parte anatômica”, ressalta Fabiene Vale.
“As mulheres não precisam ficar preocupadas. Isso é uma condição rara. Mas se a mulher apresenta algum sangramento durante a relação sexual, se a mulher tem dor durante a relação sexual, para, procura ajuda. Vai no ginecologista, para ter uma vida sexual saudável, plena”, completa Fabiene.

Sobre a morte de Livia, os investigadores ainda aguardam alguns relatórios médicos pra saber se a jovem tinha alguma doença. A polícia informou que a apuração está na fase final.

O atendimento do Samu
O Fantástico também teve acesso ao depoimento da médica do Samu. À polícia, ela disse que:

A ambulância não conseguiu entrar porque era mais alta que a cobertura do estacionamento do condomínio;
Com equipamentos para atendimento de uma parada cardiorrespiratória, a equipe andou cerca de 100 metros até o prédio do jogador;
Que um elevador estava ocupado e o outro, quebrado;
Que esperaram a chegada do elevador e foram ao oitavo andar;
Que no apartamento, encontrou Dimas fazendo massagem cardíaca em Livia, e no telefone, ainda com o atendente do Samu;
Que a partir daí, a equipe assumiu a emergência.
Uma imagem a que o Fantástico teve acesso mostra que um socorrista foi até a ambulância pegar um outro equipamento. Era um reanimador manual, usado em casos de insuficiência respiratória.

A médica disse que o equipamento que a equipe tinha levado ao apartamento não estava funcionando bem;
Contou ainda que, naquele momento, Livia não havia apresentado sangramento ativo em nenhuma parte corpo e que por isso não foi necessária nenhuma contenção;
Disse anda que a vítima teve duas paradas cardiorrespiratórias no apartamento e decidiram removê-la;
Que Lívia foi colocada numa colcha, fornecida por Dimas;
Quando chegaram ao estacionamento do condomínio, os socorristas trouxeram a maca, que estava na ambulância;
A médica disse que a equipe usou a colcha porque a maca não cabia no elevador.
Do pedido de socorro de Dimas até a chegada de Livia ao hospital, se passaram 51 minutos. Ela teve mais duas paradas cardiorrespiratórias e acabou morrendo.

À época, a família de Lívia Gabriele preferiu não gravar entrevista e disse que aguardava o fim das investigações.

Por meio de nota, a defesa de Dimas informou que a morte de Lívia foi uma “fatalidade”.

“Desde o início do inquérito policial, trabalhamos pela busca da verdade e fornecemos todo suporte necessário para essa exaustiva investigação. Após extensa análise de provas, depoimentos e laudos periciais, o Ministério Público reconheceu a inexistência de qualquer indício de crime doloso contra a vida. A fatalidade foi definitivamente demonstrada, e o arquivamento do inquérito se fez necessário para que a justiça fosse cumprida”, disse o advogado Tiago Lenoir.

 

Fonte: g1

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