Alagoano está entre os vencedores nacionais da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro

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O estudante Pedro Henrique Santos Barros Araújo e sua professora Silvaneide Mendonça Dos Santos, de Maceió, estão entre os 20 vencedores nacionais da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, cuja final foi realizada nesta quarta (17), em Brasília. O texto do aluno, que venceu na categoria Artigo de Opinião, concorreu com outros 5.362 artigos inscritos na Olimpíada. Ao todo mais de três milhões de estudantes participaram desta edição.

A Olimpíada é desenvolvida pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Fundação Itaú Social, sob a coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). O programa, que neste ano alcançou 5.014 municípios brasileiros, busca aprimorar a prática dos professores em sala de aula para o ensino de leitura e escrita em escolas públicas.

Participaram alunos de 5º, 6º, 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio. Os alunos de 5º e 6º anos no gênero Poema, os de 7º e 8º anos desenvolvem textos do gênero Memórias Literárias, 9º ano do ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio trabalham o gênero Crônica. Os alunos do 2º e 3º anos do Ensino Médio produzem Artigos de Opinião. Em 2014, foram realizadas cinco etapas de triagem: escolar, municipal, estadual, regional e, finalmente, a nacional.

Durante o ano, os professores das escolas participantes passaram por um processo intenso de formação. Para realizar as atividades em sala de aula, as escolas públicas de todo o país receberam a Coleção da Olimpíada, material de apoio no ensino da escrita de diferentes gêneros textuais, utilizado com os alunos no horário regular de aulas. A Olimpíada tem como tema O Lugar Onde Vivo, que proporciona aos estudantes uma reflexão sobre sua própria realidade.

Premiação: Os 20 vencedores nacionais, professores e alunos, receberão medalhas de ouro, um notebook e uma impressora. As escolas nas quais lecionam/estudam os selecionados também serão contempladas com laboratórios de informática, compostos por dez microcomputadores e uma impressora, além de um projetor multimídia, um telão para projeção e livros.

Confira o texto do estudante Pedro Henrique Santos Barros Araújo

Há lagoas?
Jatiúca, Ponta Verde e Pajuçara formam uma trinca difícil de bater. Por consequência disso o maior patrimônio de nossa cidade a lagoa Mundaú (o nome certo é laguna já que a mesma tem ligação com o mar) é a cada dia mais vilipendiada pela população e governo maceioense que subestima seu potencial turístico e econômico. Como fomos deixar o lugar que, segundo estudo do Instituto do Meio Ambiente (IMA), já foi o hectare mais rico em proteína animal do planeta, mal conseguir sustentar famílias de pescadores que ainda dependem dela?
Após um estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), pesquisadores chegaram à conclusão que no decorrer dos próximos cem anos, a Mundaú deixará de ser habitada por peixes moluscos e crustáceos e passará a abrigar pequenos répteis e espécies de aves, pois com o contínuo depósito de sedimentos em seu leito o corpo d’água se tornará um pântano. O principal causador da aceleração desse processo que é natural, é o homem. O desmatamento das matas ciliares da bacia hidrográfica do principal afluente (e que dá nome à laguna) – o rio Mundaú – é de total responsabilidade das cidades e fazendas ribeirinhas que põem abaixo essa barreira natural de sedimentos, e que ajuda também a conter enchentes como as do ano de 2010 que arrasaram toda essa região deixando milhares de desalojados e cerca de vinte e quatro mortos. Mesmo com o perigo constante de a tragédia se repetir, os moradores dos municípios ribeirinhos se recusam a sair alegando que não têm para onde ir sendo que o governo do Estado disponibilizou milhares de casas que fizeram parte da reconstrução das cidades destruídas pela cheia.
Com cerca de vinte e sete quilômetros quadrados de extensão a laguna Mundaú banha vários municípios, inclusive o de Maceió onde nove bairros a margeiam. Cresci num desses bairros, o bairro histórico de Bebedouro. Desde pequeno sempre ouvi minha família falar na decadência da produção de peixes e principalmente de sururu, molusco extremamente vinculado à identidade do alagoano e que antigamente era retirado em abundância de suas águas. Tal molusco precisa de certo nível de salinidade da água para poder se desenvolver, porém a água da laguna, que é naturalmente salobra, está ficando cada vez mais doce devido a obstrução de seus canais por causa do assoreamento, que impede assim a ligação dela com o mar. Além disso, existe outro fator para a diminuição da qualidade da água e consequentemente a queda na produção de peixes crustáceos e moluscos, a poluição, tendo em vista que as cidades que margeiam tanto a lagoa quanto rio Mundaú não estão 100% cobertas pela rede de coleta e tratamento de esgoto e uma quantidade considerável desses dejetos é despejada diretamente no próprio rio e consequentemente vão parar na laguna, agravando ainda mais a sua situação, que além disso, ainda recebe esgoto de Maceió e cidades vizinhas.
O Governo Estadual adota medidas de cunho emergencial. Entretanto, a dragagem feita nos canais não passa de uma medida de efeito temporário. Uma alternativa viável para sanar por completo esse problema, seria a constante dragagem de toda a lagoa em conjunto com a retirada dos ribeirinhos das áreas de várzea, para proporcionar o reflorestamento das matas ciliares do rio Mundaú. Infelizmente a falta de vontade política é o maior entrave para que isso aconteça tendo em vista que o nosso Estado é dominado política e economicamente por usineiros e fazendeiros, que seriam os principais maleficiados se o reflorestamento viesse a acontecer já que perderiam milhares de hectares de plantio da cana e pasto, para as novas matas.
Promover o reflorestamento e a conscientização da população e do governo quanto à poluição, é de suma importância para manutenção da vida desse complexo estuário que é um dos mais importantes do país, porem com o resultado das eleições apontando o filho de um representante da elite como o próximo governador do Estado, minha esperança de um dia ver a lagoa Mundaú que meus avós me falavam se esvai como as suas águas corriam para o mar.

Fonte: MEC

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