Racionamento de água já é realidade em São Paulo

Em meio a discussão sobre a adoção ou não do racionamento de água para evitar que o nível das represas que abastecem São Paulo caia ainda mais, moradores de vários bairros da capital paulista relatam casos de “rodízio disfarçado”, adotado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), principalmente durante a madrugada.

A reportagem identificou casos de falta de água nortuna nas zonas oeste, norte e leste, além de cidades de Osasco e Cotia, ambas na Grande São Paulo. Cotia é abastecida pelo sistema Alto Cotia, que não sofre com as consequências da seca, que afeta o sistema Cantareira.

Toda noite, por volta das 22h, é a mesma coisa: as torneiras secam na casa da psicóloga Mariana Lanna Pinheiro, 34 anos, moradora do Jardim Rizzo, na região do Butantã, na zona oeste de São Paulo.

Segunda ela, o problema começou no dia 27 de março. “Passa a madrugada inteira sem água. Já liguei umas 12 vezes para Sabesp, mas eles falam que não tem rodízio”, afirma a psicóloga grávida de nove meses. Ela diz que outros moradores da rua também reclamam do mesmo problema. “Mas eles têm caixa de água.

Como minha casa é alugada e a ligação é antiga, nem todas as torneiras, inclusive o chuveiro, são ligadas na caixa”, lamenta.

O problema relatado por ela é comum em outros bairros da região oeste. Na rua Artur Soter Lopes, no Rio Pequeno, e na rua Santanésia, no Butantã, moradores dizem que todas as noites por volta das 19h, a água vai embora e só volta na manhã seguinte.

Morador do bairro de Pirituba, na zona norte de São Paulo, o ajudante geral Marcos Vinícius de Souza diz que falta água todos os dias durante a madrugada há dois meses. Ele diz que por conta do racionamento, a família até adotou novos hábitos.

“Depois das 18h, ninguém mais toma banho em casa. Quando a gente vê que a pressão começa a diminuir, enchemos um galão para beber e não usamos mais água”. Ele diz que apesar do “racionamento disfarçado”, a conta não diminuiu. “A conta não abaixa, pelo contrário, aumentou: pagavámos R$ 55 e agora está vindo R$ 75. É muita coisa para uma casa com três pessoas, em que todos trabalham”, afirma.

Souza diz que já fez reclamações e que a resposta é sempre a mesma: “Não tem racionamento”.

O analista de planejamento estratégico Ferdinando Borrelli Júnior, 38 anos, morador da Freguesia do Ó, na zona norte, diz que percebeu a falta de água em pelo menos duas madrugadas seguidas. “Tenho um bebê recém-nascido e uma noite acordei para dar mamadeira a ele e não tinha água”. Ele diz que ligou para a Sabesp e foi informado que nenhum reparo estava sendo feito na região. “As pessoas não percebem porque o corte acontece de madrugada”, diz.

Na zona leste, a designer editorial Erika Neves, 28 anos, diz que notou a ausência de água na torneira há cerca de um mês, entre as 22h30 e as 23h. Na casa dela, apenas um dos banheiros não tem ligação com a caixa de água. “O banheiro do meu quarto tem água da rua. Se passar de determinado horário já não posso tomar banho lá e nem escovar o dente”, lamentou.

Na opinião dela, se a Sabesp tornasse pública a decisão de fazer o racionamento, a população até poderia ajudar mais. “A gente está em uma situação crítica, pode ser necessário fazer um racionamento, mas é preciso avisar. Se ficar fazendo velado, as pessoas não vão se conscientizar, não vai haver reeducação. É bom que seja esclarecido para a gente se preparar”.

Fonte: IG

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