Dia Nacional da Luta Antimanicomial será comemorado em Maceió

“Tá pintando loucura na praça!” é o nome do ato que será realizada neste domingo (18), na Praça Centenário, em Maceió, como parte das comemorações do Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Durante toda a semana, o Brasil está mobilizado nesta ação e em suas diversas regiões serão realizadas atividades que colocam em pauta discussões sobre políticas públicas com foco na Saúde Mental que possam garantir os direitos das pessoas em sofrimento mental de conviver em sociedade e desfrutar da sua liberdade. A intervenção na Praça Centenário será realizada das 9h às 12h e é aberta ao público.

Na programação estão atividades culturais, exibição de filmes, rodas de conversas além da construção coletiva de painéis em defesa da Luta Antimanicomial no Estado.

De acordo com Luciano Bairros, psicólogo, mestre em Psicologia, a ideia é agregar os diversos pontos da rede de Saúde Mental para dialogar sobre questões urgentes no que se refere à prática do cuidado para o sujeito em sofrimento psíquico.

“Em Alagoas, historicamente, este dia tem sido pauta de discussões entre professores e estudantes dos diversos cursos da saúde, além de ações dos conselhos regionais das profissões como o Serviço Social e a Psicologia, e de algumas iniciativas dos trabalhadores das secretarias de saúde municipais e estadual. Vamos fazer uma ação integrada com todas estas áreas para dar visibilidade às necessidades e desafios para que seja construída uma política antimanicomial no Estado”, destacou Luciano.

A ação foi uma iniciativa do projeto Práticas Integradas de Pesquisa em Atenção à Saúde (PIPAS), do grupo de pesquisa do Curso de Psicologia do CESMAC, e será realizada em parceria com o projeto “Lazer na Praça”, promovido pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, o Movimento Popular de Saúde (MOPS), Projeto Caminhos do Cuidado, Laboratório Alagoano de Teatro do Oprimido (LATO), Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Estadual de Saúde, Grupo de Pesquisa Psicologia e Saúde (UFAL), Centro de Atenção Psicossocial Casa Verde, Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas.

“Trata-se de uma mobilização colaborativa entre profissionais, professores, estudantes, trabalhadores, gestores e usuários, para marcar a agenda de mobilização em Maceió”, complementou Luciano Bairros.

“Escolhemos a praça como espaço privilegiado para estas interlocuções, provocando a construção de outros olhares para a loucura e as experiências de sofrimento. Nesse sentido, toda a sociedade é convocada a participar”, disse Renata Guerda, psicóloga e uma das idealizadoras da ação.

O estudante do 8º Período de Psicologia, Fabrício Carvalho, acredita que só com ações integradas e com a realização de discussões abertas à sociedade é possível mudar o cenário atual da saúde mental no Brasil e no Estado.

“Precisamos desmistificar algumas questões da saúde mental. As pessoas fazem uma relação direta entre este tema, relacionado à saúde, e às questões de segurança pública e assim passam a isolar as pessoas que estão em algum tipo de sofrimento mental. A prática da saúde não deve ser baseada no isolamento e sim no vínculo e na atenção”, complementou o estudante.

O Movimento
O Movimento Nacional de Luta Antimanicomial surgiu em 18 de maio de 1987, em Bauru/SP, durante um Congresso de Trabalhadores de Saúde Mental.

Segundo a psicóloga Renata Guerda, a lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) e a implantação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) já são frutos desta luta, mas ela afirma que ainda há muito o que fazer.

“O CAPS é uma das estratégias das políticas públicas de saúde, com o objetivo de evitar internações, mantendo o cuidado dos usuários junto à família e à comunidade. Apesar da criação de diversos CAPS em Alagoas, temos a indigesta convivência com manicômios, com pacientes, que sem necessidade, vivem isolados há dezenas de anos. Além disso, observamos a proliferação crescente de Comunidades de Acolhimento para usuários de álcool e outras drogas. Nesse sentido, o que estamos acompanhando é um caloroso retrocesso de todos os avanços das políticas públicas de saúde mental”, enfatizou a psicóloga.

Atualmente, a realidade do Estado aponta uma quantidade insuficiente de CAPS, conforme parâmetros populacionais do Ministério da Saúde. Mas eles são apenas um dos equipamentos de cuidado da rede substitutiva de saúde mental. Entre as ações propostas pelo movimento estão a ampliação dos CAPS, a ampliação de investimentos em Serviços Residenciais Terapêuticos, Centros de Convivências, Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), Estratégia Saúde da Família (ESF), Programa de Volta pra Casa, leitos em hospital geral, com o gradual fechamento dos leitos nos hospitais psiquiátricos.

De acordo com Renata, o movimento está estagnado nas conquistas, mas a luta continua e a busca é constante com o objetivo de chamar a atenção da população contra o preconceito às pessoas em sofrimento mental; propor e defender o fim dos hospitais psiquiátricos e a sua substituição por serviços abertos, públicos, de qualidade, que garantam o tratamento em liberdade e os direitos de cidadania aos usuários, historicamente excluídos da sociedade.

“Sabemos que a nossa política de saúde mental é ainda bastante frágil na oferta de serviços de base comunitária que possibilitem uma integração do sujeito e seus diversos modos de ser, de viver e circular na cidade. O dia 18 de Maio é um convite a pensar a oferta de outras possibilidades de cuidado e de marcar o espaço da vida na cidade para estas pessoas”, finalizou Renata Guerda.

Fonte: Assessoria

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