A torcida do São Paulo protestou em bom número após a derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro, em frente ao portão principal do Morumbi. Mas nem ela conseguiu se entender. Tricolores que ficaram em diversos setores do estádio durante a partida estavam aglomerados, e o principal alvo era o presidente Juvenal Juvêncio.
Porém, quando as organizadas, em número muito maior, chegaram ao local, impediram qualquer manifestação contra Juvenal Juvêncio. Um rapaz careca, de camiseta preta, comandou todos os gritos de ordem dos torcedores. Foi ele quem deu a ordem para que a diretoria não fosse citada.
– O problema não é diretoria nem técnico. O problema são esses filhos da p…, que estão com o salário em dia, e não correm, não têm raça – ordenou.
Atrás deles, alguns torcedores apelaram para que Juvenal fosse criticado, e ensaiaram um “Fora, Juvenal!”, abafado por outros cantos.
O protesto ganhou cunho ainda mais político quando Marco Aurélio Cunha, que já manifestou sua intenção de concorrer à presidência do São Paulo no ano que vem como opositor ao candidato de Juvenal, passou a ser criticado. Chamado de "santista", foi alvo de palavrões. Marco Aurélio deixou o cargo de superintendente de futebol do São Paulo há mais de dois anos.
Apesar do veto dos líderes, havia um cartaz no meio do protesto, que atacava os dirigentes: “Parabéns, diretoria. Vocês conseguiram o pior time da nossa história”.
Entre um grito e outro contra atletas, Rogério Ceni foi exaltado por diversas vezes, com a tradicional música que o coloca como melhor goleiro do Brasil. Paulo Autuori também foi apoiado em coro.
– Meu nome não merece ser gritado porque estou junto com o grupo. Agradeço, mas não é o momento para isso. Espero que gritem os nomes dos jogadores pelo que eles puderem fazer de bom. Estamos na onda de protestos, são válidos. Desde que sejam pacíficos. E quem pensa o contrário tem o direito de se manifestar – disse Autuori.
A torcida, aliás, homenageou o time campeão mundial de 2005, que era dirigido por ele. Todos os jogadores tiveram seus nomes gritados, menos o meia Danilo, que defende o Corinthians desde 2010 e tem feito gols frequentemente contra o Tricolor.
Ídolos antigos também foram lembrados, como o meia Raí e o técnico Telê Santana. Alguns jogadores da atual equipe foram citados num tom de voz mais alto, casos de Ganso, Lúcio e Denilson. Pedidos de raça, e ofensas de “time sem vergonha” foram constantes. Tudo ocorreu pacificamente, em frente a um bom número de policiais, que fizeram a segurança da parte interna.
Poucos jogadores deixaram o Morumbi no ônibus do clube, casos dos laterais Douglas e Clemente Rodríguez. O técnico Paulo Autuori também estava no veículo. A torcida, sem saber quem estava dentro, aplaudiu ironicamente, e cantou o hino do São Paulo.