As próteses mamárias PIP, envolvidas num escândalo mundial pelos possíveis riscos, continham – entre outros componentes inadequados – um aditivo para combustíveis, segundo reportagem do jornal espanhol "El Mundo", que cita a rádio francesa RTL.
A rádio, que garante contar com os relatos de funcionários antigos da companhia, afirma que as próteses eram compostas por uma mistura de produtos comprados de grandes grupos de química industrial que nunca foram submetidos a provas clínicas para avaliar seus possíveis danos ao organismo. Entre esses produtos, estava um aditivo para combustíveis – chamado de Baysilone – assim como duas substâncias geralmente usadas na indústria da borracha – Silopren e Rhodorsil. Esses componentes foram a causa da maior taxas de ruptura detectada nesses implantes.
– Não imaginávamos que o gel podia conter um aditivo para combustíveis. Por isso, não pedimos análise das próteses extraídas das pacientes – afirmou Philippe Courtois, um dos advogados envolvidos no caso.
Em suas palavras, até agora, só foram realizadas análises nas próteses apreendidas na sequência da investigação sobre a empresa em março de 2010, quando a fraude foi descoberta. Para o advogado, também é necessário que análises sejam feitas em países estrangeiros, depois que a imprensa britânica divulgou uma taxa de rupturas mais elevada que a média.
– A mistura poderia variar em função dos lotes de fabricação – ressalta Courtois.
Por sua vez, a defesa da companhia que produziu as próteses negou categoricamente as acusações, como publicou o jornal francês "Le Monde":
– Não é verdade. Trata-se de um produto que existe desde 1980 e que era comprado da empresa farmacêutica Rhône-Poulenc. Não se trata de um produto industrial, mas de um produto que também é usado na composição de batons – disse ao periódico francês o advogado da PIP, Yves Haddad. Ele disse ainda que o fundador da empresa romperá o silêncio na próxima semana e oferecerá explicações.