A esquizofrenia atinge um por cento da população mundial, em sua maioria pessoas na faixa etária dos 15 aos 25 anos de idade, independente de classe social. Em Palmeira dos Índios, município alagoano, distante 135 quilômetro da capital, a incidência desse transtorno tem chamado a atenção da comunidade acadêmica do curso de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, naquela cidade. Por isso, a clínica escola da Unidade de Palmeira implantou uma ação permanente de acompanhamento a pacientes.
A clínica escola funciona na unidade da Ufal em Palmeira do Índios e é coordenada pelas professoras Cássia Castro e Fernanda Simeão. Os pacientes atendidos lá são encaminhados pelos serviços de saúde da região e tem se constituído em espaço de estágio dos alunos do curso de Psicologia. A cada semestre a Clínica de Psicologia conta com uma equipe de seis alunos do curso e atende também a pacientes que apresentam outros problemas, como depressão e transtornos obsessivos compulsivos (TOC).
De acordo com o professor Gérson Tamuia, supervisor de estágio do curso, Palmeira dos Índios e circunvizinhança destacam-se, no Estado, por apresentarem índices mais elevados de esquizofrenia. Tamuia explica que a doença não é transmitida por vírus, bactérias ou fungos e, conforme os estudos divulgados, aumenta a frequência de aparecimento em períodos de crises econômicas ou de grande sofrimento populacional.
No entanto, estudos indicam que o indivíduo com base genética para desenvolver o transtorno poderá não desenvolvê-lo se for trabalhado e orientado para enfrentar a realidade. Existem diferentes tipos de esquizofrenia, mas elas se caracterizam de acordo com a ruptura do sujeito com a realidade.
Para o professor, a esquizofrenia é uma resposta do organismo a dificuldade que os sujeitos acometidos encontram para lidar com a realidade a que estão expostos. Ele explica que a doença pode ser controlada fazendo uso de neurolépticos (antipsicóticos) para a inibição dos receptores dopaminérgicos do sistema límbico. “Os medicamentos são eficazes em 70 por cento dos casos, mas tanto a área de atuação dos antipsicóticos como as recaídas na ausência da medicação sugerem a importância da psicoterapia na reorganização do sujeito”, afirmou.
Mesmo acometendo pessoas, independente de classe social, o acesso ao tratamento faz a diferença na condução do transtorno. “No entanto, embora encontremos profissionais extremamente preparados que conseguem fazer uma ótima correlação dos processos químicos e fisiológicos com a forma que as pessoas adotam seus estilos de vida, temos outra classe médica que ainda insiste em fazer uma cisão entre o organismo e as possibilidades de reestruturação a partir das atividades e relação que o sujeito estabelece com o meio”, reforçou.
Herança genética
Segundo Tamuia, família com histórico de esquizofrenia também apresenta maior propensão para o transtorno. “Mas, mesmo assim, é a interação e o modelo educativo ao qual o sujeito é submetido que determinarão o aparecimento do transtorno”, alertou.
Para eles, a família também é outro problema a ser enfrentado para o tratamento da esquizofrenia, pois ela quase sempre representa o ambiente em que o transtorno se desenvolveu. “Os serviços que discutem um tratamento sem afastamento do doente da família precisam ser revistos no ponto em que a família é, em muitos casos, o ponto primeiro de contribuição no adoecimento do sujeito. Mas a família, tendo a disposição de rever posicionamentos e posturas já instaladas, pode ser uma ótima possibilidade de construção de um ambiente que permita a reabilitação do sujeito” afirmou.