A juíza Milena Dias já conhece a decisão dos jurados do julgamento de Lindemberg Alves, acusado de manter em cárcere e matar a ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008, em Santo André. Neste momento, ela redige a sentença sobre a pena que será atribuída ao réu, se for considerado culpado.
Os jurados – seis homens e uma mulher – votaram em 49 quesitos sobre os 12 crimes.
A promotoria reitera os 12 crimes e a defesa concorda plenamente apenas com um crime: disparo de arma de fogo. Os demais, a defesa nega ou muda a especificação.
O julgamento recomeçou hoje por volta das 9h50 com os debates entre promotoria e defesa – cada parte terá 1h30 para defender suas teses. A primeira a falar foi a promotora do Ministério Público de São Paulo Daniela Hashimoto. "Coloque-se no papel das vítimas", disse aos jurados.
Lindemberg acompanha mais esse dia de julgamento. Também estão no plenário a mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, e seus dois filhos, Ronickson e Ewerton Douglas.
Na sequência foi a vez da defesa apresentar sua tese. "Não vou pedir a absolvição dele", afirmou a advogada Ana Lúcia Assad. Como a promotoria desistiu da réplica, a sessão foi para a fase de votação dos jurados.
A expectativa da acusação é que Lindemberg seja considerado culpado pelos 12 crimes que responde e que pegue uma pena de 40 a 50 anos de prisão.
O cálculo foi feito considerando a pena máxima de cada crime que Lindemberg responde: homicídio duplamente qualificado, na morte de Eloá – 20 anos; duas tentativas de homicídio, da amiga Nayara e do Sargento Atos – 20 anos; cinco cárceres privados – 5 anos; e disparos – 1 ano.
Alguns populares e de movimentos de combate a violência chegaram a dormir na porta do fórum de Santo André para garantir lugar no plenário. Esse foi o caso de Sandra Domingues, de 44 anos, e Lucilene Isabel, de 49. Elas acompanharam os três dias de julgamento e consideraram que, por estar próximo do fim, aumenta a curiosidade e a movimentação de populares.
"Queria garantir meu lugar e acompanhar o desfecho dessa história. Me surpreendi com a atuação de Lindemberg ontem. Ele foi um ator", julgou Simone, integrante da União em Defesa das Vítimas de Violência (UDVV). Ana Cristina, mãe de Eloá, faz parte da organização.
Por volta das 7h15, a fila para o público tinha 60 pessoas – número maior se comparado aos outros dias no mesmo horário. Cartazes foram colocados pelos manifestantes nas grades do fórum. Frases de ataque a Lindemberg e como "Ana Cristina, estamos com você" e "Eloá, descanse em paz", estão nos cartazes.
Outros dias
O júri popular do crime contra a jovem de 15 anos, ocorrido em outubro de 2008, começou nesta segunda-feira. No primeiro dia, testemunhas que participaram do cárcere de mais de cem horas foram interrogados. O segundo dia foi marcado pelos depoimentos dos irmãos de Eloá e por discussões e ameaças da defesa do réu. O dia mais esperado do júri foi esta quarta-feira, quando o réu falou pela primeira vez sobre o caso. Em outras oportunidades que teve de dar a sua versão, em depoimento para delegados e na fase de instrução do processo, ele tinha ficado calado.