Mãe de Eloá diz que advogada de Lindemberg o prejudicou

TerraAna Cristina Pimentel

Ana Cristina Pimentel

A recepcionista Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá Pimentel, morta por seu ex-namorado em 2008, disse nesta segunda-feira que o assassino condenado a 98 anos de prisão pela morte de sua filha foi prejudicado por sua própria defesa. De acordo com ela, que concedeu entrevista coletiva nesta tarde no escritório do advogado Ademar Gomes, Lindemberg Alves mentiu o tempo todo em seu depoimento, talvez instruído por sua advogada.

"Lindemberg mentiu demais. Até eu fiquei chocada, porque achei que quando ele disse que ia falar a verdade falaria a verdade. A maioria das coisas que ele falou foi tudo mentira. Ela (advogada Ana Lucia Assad) prejudicou muito ele. Ele mentiu em todo o depoimento dele, a única coisa em que ele não mentiu foi quando disse que atirou na Eloá", disse Ana Cristina.

Questionada sobre o grau de culpa que atribuiria à polícia, a mãe de Eloá disse que estimaria em "50%". "A polícia errou, ela tinha oportunidade de fazer alguma coisa e não fez, mas ela queria ajudar", disse. O advogado Ademar Gomes afirmou que tem intenção de processar o Estado por danos morais e materiais por causa do final do cárcere privado. "O Estado foi negligente, não podemos aceitar não termos equipamento para fazer uma escuta e ter que usar copo em parede", disse Gomes.

Ana Cristina comentou a crítica da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, que atribuiu uma parcela de responsabilidade ao permitir o envolvimento da adolescente com seu futuro assassino. "É muito difícil proibir os filhos de fazer as coisas. Ela, de fato, era uma criança e éramos contra, mas nos reunimos e ele aceitou os limites", disse Ana Cristina.

O mais longo cárcere de SP
A estudante Eloá Pimentel, 15 anos, morreu em 18 de outubro de 2008, um dia após ser baleada na cabeça e na virilha dentro de seu apartamento, em Santo André, na Grande São Paulo. Os tiros foram disparados quando policiais invadiam o imóvel para tentar libertar a jovem, que passou 101 horas refém do ex-namorado Lindemberg Alves Fernandes. Foi o mais longo caso de cárcere privado no Estado de São Paulo.

Armado e inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg invadiu o local no dia 13 de outubro, rendendo Eloá e três colegas – Nayara Rodrigues da Silva, Victor Lopes de Campos e Iago Vieira de Oliveira. Os dois adolescentes logo foram libertados pelo acusado. Nayara, por sua vez, chegou a deixar o cativeiro no dia 14, mas retornou ao imóvel dois dias depois para tentar negociar com Lindemberg. Entretanto, ao se aproximar do ex-namorado de sua amiga, Nayara foi rendida e voltou a ser feita refém.

Mesmo com o aparente cansaço de Lindemberg, indicando uma possível rendição, no final da tarde no dia 17 a polícia invadiu o apartamento, supostamente após ouvir um disparo no interior do imóvel. Antes de ser dominado, segundo a polícia, Lindemberg teve tempo de atirar contra as reféns, matando Eloá e ferindo Nayara no rosto. A Justiça decidiu levá-lo a júri popular.

Fonte: Terra

Veja Mais

Deixe um comentário